“Recebi uma carta da Segurança Social a informar de que, a meu pedido, o pagamento a que tinha direito, fora depositado na nova conta. Fiquei alarmado!
Mas que conta? Eu não tinha mudado de conta!” – começou por dizer Vítor Lima à reportagem de O Cidadão.
O beneficiário, Vítor Lima, é doente oncológico e tem 80% de incapacidade física, sendo as prestações sociais imprescindíveis para fazer face às despesas do dia-a-dia.
“Assim que recebi a carta, liguei de imadiato para a Segurança Social a relatar o caso e a senhora que atendeu comprovou a mudança de IBAN no sistema e que, portanto, nada podia fazer. O problema é que não fui eu quem mudou o IBAN”.
Vitor afirma com veemência que algo está a falhar, pois se não alterou a conta, não faz sentido ela ter sido alterada. O dinheiro seguiu caminho para outro banco, que não o seu.
“Eu não alterei nada! O meu banco é o Santander e a conta que a Segurança Social me mostra é do BCP. Nunca tive dinheiro nesse banco. Ia inventar um IBAN? ” – refere com indignação
Entretanto, a funcionária que o atendeu procurou ajudá-lo a resolver a questão, o que não se afigurava fácil. E não foi.
“A senhora da Segurança Social disse-me para escrever uma carta à administração a expor o problema. Foi o que fiz. Responderam com muita brevidade a dizer que não podiam fazer nada, porque eu tinha, voluntariamente, alterado o IBAN. E que eles apenas enviaram para essa conta.”
Mas Vítor Lima garante que não o fez.
“Mas como é que apreceu aquele IBAN? Isso ninguém sabe esclarecer. Se foi a meu pedido, terá sido através de um computador; mas na minha casa só resido eu, a minha mulher e o meu filho. E o IBAN de que eles falam não é de um amigo, familiar ou conhecido. É de uma pessoa que não faço a míníma ideia quem seja. E o meu dinheiro foi para essa conta.”
Agora, no meio de uma confusão que diz não ter criado, procura esclarecimentos. E quer ser ressarcido da verba em causa.
“Estou a lutar com os meios que posso. Tenho alguma ajuda, já foi à Polícia apresentar queixa-crime, fiz muma cópia e entreguei no banco e na Segurança Social. Agora estou a aguardar o desenvolvimento do processo. São mais de mil euros!”
Questionado sobre o que pensa poder ter acontecido, entende que as mudanças de conta deveriam ser controladas de forma diferente.
“Não quero apontar o dedo a ninguém enquanto não souber a verdade, mas acho que há algum descuido da Segurança Social. Isto porque quando alguém muda um IBAN, deveria receber um código no telemóvel para saber que é a pessoa certa que está a fazer a operação. Eu não recebi nada disso. Algo falhou aqui ou então entraram no meu sistema e fizeram esta aldrabice.”
Aconteceu o mesmo ao irmão
Jorge, irmão de Vítor, é beneficiário do Rendimento Social de Inserção (RSI); apercebeu-se, também, de que na data em que costumava receber, o dinheiro não caíra na conta.
“Fiquei preocupado. Para já, nem tenho computador! E nem sequer sei fazer isso – mudar IBAN. Liguei à minha cunhada, que me ajuda nestes assuntos, e foi ela quem acedeu à minha ficha da Segurança Social. E disse-me que a conta que lá estava não era a mesma que colocara inicialmente. Foi aí que eu soube que também tinha acontecido ao meu irmão. O meu dinheiro foi para uma conta de alguém que não conheço. A minha é no Santander e foi parar a um IBAN da Caixa Agrícola e não faço a mínima ideia como, pois não informei nada disso à Segurança Social ” – disse Jorge Lima
Também reclamou, mas nada pode ser feito.
“Disseram que nada podia ser feito porque eu tinha alterado o IBAN e eles só cumpriram o que eu tinha solicitado. Como é possível. Eu nem sequer sei fazer isso!”
Agora, resta provar que o que aconteceu não foi “voluntariamente”. E esperar…
“Quero reaver o dinheiro. Só sei que foi parar à Caixa Agrícola. Não imagino como. Eu não mudei a minha conta. Há algo aqui que é muito complicado e quem me atendeu na Segurança Social até me disse que estes casos estão a acontecer com muita frequência.”- concluiu Jorge Lima.
Reportagem com Vídeo: Alberto Jorge Santos ( Texto) e Filipe Romariz (Foto e vídeo)
Jornalista