
O dia começou com o shakedown, no troço de Paredes (Baltar), com o piloto da Letónia, Martin Sesks, em Ford Puma R1 a fazer o melhor tempo.
A seguir, a etapa figueirense, um pequeno aperitivo para o que vem a seguir. Amanhã os demolidores troços da região centro norte – Mortágua, Lousã, Góis e Arganil – que serão feitas em duas rondas, a partir da 7:35 e, já ao fim da tarde, Águeda/Sever do Vouga e Sever do Vouga /Albergaria. A fazer lembrar os velhos tempos.

Classificativas duras, depois de um aparentemente fácil traçado na Figueira da Foz. E dizemos aparentemente porque o piso abrasivo costuma ter influência negativa; porém, este ano, os pilotos não terão de levar os mesmos pneus nas passagens iniciais de amanhã por Mortágua, Lousã, Góis e Arganil, o que lhes permitiu fazer “piões” à vontade. Curiosamente, muitos pilotos de rallies, não gostam de os fazer!
De qualquer modo, em classificativas como a da Figueira da Foz, podem ter muito a perder e pouco a ganhar. As evidentes cautelas por parte de alguns concorrentes justificaram-se plenamente.
Um troço com pouca história, mas que determinou o primeiro comandante da prova – Elfyn Evans ( Toyota)
Resultados SS Figueira da Foz
1ª Evans ( Toyota R1
2º Ogier ( Toyota R1)
3º Tanak (Hyundai R1)
4º Formaux ( Hyundai R1)
5º Neuville ( Hyundai R1)
6º Rovanpera ( Toyota R1)
7º Katsuta ( Toyota R1)
8º Pajari ( Toyota R1)
9º Gryazin ( Skoda R2)
10º Sesks ( Ford R1)
Ordem de partida ( sexta-feira)
Amanhã, sexta feira, a partir das 6:00, a ordem de partida dos carros WRC 1 é a seguinte:
E. Evans/ S Martin ( GBR) Toyota R1
K. Rovanpera/ J. Haltunnen ( Fin) Toyota R1
T. Neuville/M Widaeghe (Bel) Hyundai R1
S. Ogier/ V. Landais ( F) Toyota R1
O. Tanak/M. Jarveoja (EST) Hyundai R1
A. Formaux/A. Coria (F) Hyundai R1
T. Katsuta/ A. Johnston (Jap) Toyota R1
S. Pajari/M. Salminen (Fin) Toyota R1
G. Munster/L.Louka (Lux) Ford R1
M. Sesks/R. Francis (Let) Ford R1
J. Macerlean/E.Treacy(Irl) Ford R1
D. Salvi/A. Coronado (P) Ford R1

Novos troços aumentam exigência
O evento marca a primeira de sete etapas consecutivas em pisos de terra do Campeonato do Mundo de Ralis FIA 2025 e contrasta fortemente com as estradas geladas do sul de França, as florestas nevadas da Suécia, o pó sufocante do Quénia e as estradas de asfalto liso da Gran Canaria.
A segunda nova etapa atravessa a região de Albergaria-a-Velha e foi utilizada pela primeira vez em 1974, com o nome de Monte Telégrafo. Nessa ocasião, a vitória foi para a dupla italiana Raffaele Pinto e Arnaldo Bernacchini, num Fiat Abarth 124 Rally. O evento foi a ronda de abertura do Campeonato do Mundo de Ralis, depois de a crise do petróleo ter forçado o cancelamento dos ralis de Monte Carlo e da Suécia.
Num percurso total de 1.790,65 km, os concorrentes enfrentarão 344,50 km contra o relógio.
DIOGO SALVI com Ford Puma R1- “É um presente que dou a mim próprio”

Diogo Salvi destaca-se como o único piloto português a competir na categoria principal do WRC, algo que não acontecia desde 2012. Aos 55 anos, este piloto português e empresário da área das tecnologias da informação decidiu realizar o sonho de conduzir um carro da categoria Rally1, ao volante de um Ford Puma da M-Sport. Um entusiasta que encara esta participação como um presente a si mesmo, com o objetivo de desfrutar da experiência e da emoção de competir, ao mais alto nível, num rali do Campeonato do Mundo.
Qual foi o momento em que percebeu que queria pilotar um carro Rally1?
“Sempre tive o sonho de fazer o rali ao volante de um carro da categoria Rally1, lado a lado com os melhores pilotos do mundo. Quando a oportunidade surgiu, agarrei-a sem hesitar. Este carro é, sem dúvida, o melhor em termos de performance, dinâmica e tudo o resto. É um presente que dou a mim próprio — mas com a noção de que posso até vir a ser mais lento do que com o Skoda Rally2 com que corri no passado, por ir fazer o rali apenas com um curto teste realizado dias antes da partida.”
A concretização deste sonho é um adeus ou apenas a primeira de mais participações no WRC?
“Gostava muito que fosse a primeira de muitas participações. A minha empresa é o meu projeto de vida, mas tem-me impedido de fazer muitas outras coisas que gosto. Felizmente, tenho uma equipa de colaboradores fantástica e estou a trabalhar na passagem de testemunho. Assim que esse processo estiver concluído, quero começar a fazer outras coisas na vida, como escalada e mais ralis, sobretudo internacionais. Isso é, sem dúvida, o que quero fazer.”
Se decidisse fazer um filme sobre a sua estreia no Rally1, quem gostaria que o realizasse e interpretasse?
“O saudoso Miloš Forman. Um cineasta que sempre admirei profundamente e que cheguei a ter a oportunidade de conhecer pessoalmente. Infelizmente, não se concretizou, por causa de uma reunião — e arrependo-me de não o ter feito. Quanto ao ator, eu mesmo. E só por uma razão: para o poder conhecer ainda melhor.”
Se pudesse adicionar um botão secreto ao volante do Puma Rally1, o que gostaria que ele fizesse?
“Sem dúvida, um botão que controlasse o tempo! Gostava de ter um botão diretamente ligado a São Pedro para evitar a chuva. Seria frustrante não poder desfrutar plenamente da performance deste carro incrível por causa de condições meteorológicas adversas.”
Como explica o fascínio pelo WRC a alguém que nunca viu uma prova?
“Explicar o fascínio pelo WRC a alguém que nunca viu uma prova é um desafio, porque as emoções e sensações são difíceis de transmitir. Numa era dominada pelas plataformas digitais, os ralis oferecem uma experiência única. É a oportunidade de ver máquinas e pilotos incríveis a superar os limites da física, em cenários deslumbrantes, de ouvir o som dos motores e sentir a adrenalina da competição ao vivo. É um evento que transcende o desporto, proporcionando um ambiente social e familiar único, onde as pessoas se deslocam para viver a ação de perto e ter contacto direto com os pilotos. Ao contrário dos circuitos, os ralis levam a competição a paisagens variadas, tornando cada passagem num espetáculo diferente.”
Se pudesse levar alguém no carro, que não um navegador, quem escolheria?
Escolheria uma das pessoas que me são mais queridas — provavelmente um dos meus filhos. Partilhar uma experiência tão intensa e especial como esta, com um deles, seria inesquecível, e uma forma de lhes transmitir a minha paixão pelo desporto automóvel.
Se pudesse pôr todos os pilotos do WRC a comer um prato português, qual seria?
“Escolheria, sem dúvida, o arroz de cabidela. Sendo eu do Norte, onde a paixão pelos ralis é tão grande, este prato tradicional representa a autenticidade e o sabor da nossa região. Acredito que seria uma experiência gastronómica única para eles.”
Há alguma mensagem que queira deixar aos jovens pilotos portugueses que sonham correr num Rally1 como o que vai correr no Vodafone Rally de Portugal?
“A mensagem que deixo aos jovens pilotos portugueses é que tudo na vida exige dedicação e muito trabalho. É fundamental olharem para o panorama internacional, porque o nosso país, sendo pequeno, oferece um leque de oportunidades mais limitado. Inspirem-se nos melhores, aprendam com eles e ambicionem sempre ir mais longe. O sonho é possível com esforço e perseverança.”
Para os antigos entusiastas dos ralis, o nome é bem conhecido – Giovanni Salvi, Campeão Nacional de Rallies em 1977, ao volante de um Ford Escort RS 1800. Já lá vai muito tempo, mas importa lembrar que o Diogo é filho do Giovanni do Salvi. Que lhe transmitiu a paixão pelo automobilismo, nomeadamente pelos rallies.
HanKook – novos pneus oficiais

Na edição do Mundial de Rallys de 2025, é a HanKoook , maraca da Coreia do Sul e uma das maiores produtoras de pneus do mundo que equipa as equipas, em substituição da italiana – de má memória para alguns! – Pirelli.
O responsável da marca no Rally de Portugal dos pneus Hankook está extremamente otimista quanto ao desempenho do seu produto.
“Os Dynapro R213 irão demonstrar o seu elevado desempenho nas etapas de gravilha não pavimentadas e com muita poeira”
O rali deste ano apresenta uma camada adicional de desafio, com cada etapa a decorrer duas vezes – uma de manhã e outra à tarde – intensificando a degradação da superfície. Nas primeiras passagens, as camadas de areia macia causam condições escorregadias, especialmente para quem começa cedo. Na segunda corrida, o percurso fica repleto de pedras irregulares e sulcos profundos que podem aumentar o risco de danos e afetar o desempenho.
Combinada com temperaturas elevadas e terreno de montanha complexo, a seleção de pneus torna-se num elemento decisivo da estratégia global do rally.

“Para fazer face a estas condições exigentes, a Hankook Tire irá fornecer o seu pneu de rali todo-o-terreno extremo, o Dynapro R213, especificamente concebido para absorver o impacto em superfícies de gravilha difíceis. Disponível em compostos duros e macios, o Dynapro R213 proporciona uma resistência excecional aos danos externos e ao desgaste, mesmo nas condições de rali mais extremas. Espera-se que as suas características superiores de aderência e precisão de manuseamento proporcionem um ótimo desempenho numa vasta gama de superfícies e condições meteorológicas variáveis.”
Hankook interage com fãs
Fora das etapas, a Hankook Tire irá interagir com os fãs através do seu stand “Brand World” no parque de assistência. Concebido para reforçar a imagem de excelência da sua marca global unificada, a “Hankook“, o stand irá oferecer uma gama de zonas de experiência interativa para os fãs dos desportos motorizados, incluindo uma exposição do legado nos desportos motorizados, atividades de simulador de ralis, produtos exclusivos e zonas fotográficas – dando vida à cultura dos desportos motorizados para os entusiastas dos ralis.
Em comunicado, a marca de pneus reforça a confiança no produto que agora é de uso exclusivo nos carros do WRC.
“Como fornecedora exclusiva de pneus para o WRC, a Hankook Tire continua a validar o desempenho e a fiabilidade tecnológica dos seus produtos sob as condições de condução mais extremas, solidificando ainda mais a sua posição como uma marca premium global. A empresa fornece pneus para todas as categorias de competição – incluindo WRC1, WRC2, WRC3 e Junior WRC – proporcionando um desempenho consistente e de alto nível em diversos terrenos e condições de rali.”

Clássicos desportivos marcam presença
Os clássicos desportivos vão dar espetáculo em três classificativas do Vodafone Rally de Portugal.
Antes dos pilotos oficiais passarem, os clássicos desportivos vão dar espetáculo em três classificativas do Vodafone Rally de Portugal. Vale a pena ir mais cedo para a estrada.
A exemplo de anos anteriores, a prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal tem uma competição destinada a carros clássicos entre 1962 e 1998. Alguns desses carros tiveram uma presença marcante na prova portuguesa e no Campeonato do Mundo de Ralis.
Os 23 inscritos começaramm por dar espetáculo nas principais artérias da Figueira de Foz. Amanhã, fazem uma dupla passagem pelo circuito de Sever do Vouga e terminam a prova, no sábado, com a super especial de Lousada. As três classificativas em terra antecedem a passagem dos pilotos do WRC.

Entre os participantes encontram-se carros bastante interessantes, casos do Ford Escort MK I e MK II, VW Golf GTI, Peugeot 205 GTI, BMW M3 E30, Toyota Corolla, Mitsubishi Lancer Evo IV e Renault 4 GTL, entre outros. O Volvo PV455 (1962) é o modelo mais antigo em prova e o Fiat Cinquecento (1998) o mais recente. É uma boa oportunidade para rever máquinas que fizeram as delícias de várias gerações.

Jornalista