O ministro Paulo Rangel anunciou que Portugal reconhece a Palestina entre o apelo à paz e a libertação dos reféns. “Exortamos do fundo dos nossos corações, que cessem todas as hostilidades“, afirmou o governante, deixando um forte apelo ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao restabelecimento da ajuda humanitária em Gaza.

O reconhecimento do Estado palestiniano foi anunciado este domingo, a partir de Nova Iorque, numa decisão histórica que foi também selada por Reino Unido, Canadá e Austrália, na véspera da Assembleia geral da ONU marcada para amanhã, segunda-feira, naquela cidade norte-americana.
Portugal junta-se, assim, aos países que reconhecem o Estado da Palestina, tornando-se o 13.º país da União Europeia a anunciar esse reconhecimento. Ao todo são 147, o que representa 75 por cento dos membros das Nações Unidas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que esta declaração acontece depois de se terem verificado as condições colocadas pelo Governo de Luís Montenegro.
“Portugal só avançaria em conjunto com um grupo de Estados ocidentais que ao longo do tempo partilharam posições sobre esta matéria, e se houvesse um efeito útil, palpável e consequente da declaração em causa”, afirmou.
Rangel lembra que “esta declaração não apaga a catástrofe em Gaza” e salienta que “é essencial e urgente” um cessar-fogo e a libertação dos reféns.
“Neste dia em que Portugal reconhece o Estado da Palestina e em que reafirma a sua vontade de fortalecer as profundas e antigas relações de amizade do povo português com o povo israelita e as renovadas e auspiciosas relações de amizade com o povo palestiniano, exortamos, do fundo dos nossos corações, a que cessem todas as hostilidades, a que se dê uma oportunidade ao restabelecimento da ajuda humanitária, a que se abra uma fresta de luz para a paz“, realçou Paulo Rangel.
“É tempo de dar os passos necessários para a paz”, rematou.
PLENO APOIO DE MARCELO
“A posição portuguesa tem sido defender a moderação” para que a solução dos dois Estados “seja possível” e “afastar-se dos radicalismos que se opunham a que a fórmula fosse possível”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada a Nova Iorque.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado que a decisão do Governo de reconhecer o Estado da Palestina tem o seu “pleno apoio” e pretende “abrir ainda uma hipótese” à solução de dois Estados.
“Tem o pleno apoio do Presidente da República, que tem sido a posição portuguesa, que é defender a moderação para que essa fórmula [de dois Estados, de Israel e da Palestina] seja possível, e afastar-se dos radicalismos que se opunham a que a fórmula fosse possível”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Nova Iorque, onde chegou para participar na 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
A FAVOR E CONTRA
Luís Marques Mendes saudou também a decisão de Portugal em reconhecer o Estado da Palestina, considerando que o mais importante é o passo que é dado. “Esta decisão é importante porque é simbolicamente uma aposta a maior visibilidade, dignidade e legitimidade do povo palestiniano no quadro internacional e pode ser um passo que venha a ajudar um processo de paz construído na base da ideia de dois Estados.“

O PS, o PCP, o Livre e o BE saudaram, igualmente, a decisão de Portugal, enquanto que André Ventura, líder do Chega, manteve reservas e sublinhou que “não é isso que está a preocupar os portugueses neste momento“. E falou na necessidade de haver condições, nomeadamente a libertação dos reféns.
Já o CDS-PP discorda da decisão do Governo, considerando que não é “oportuno, nem consequente” e só deveria acontecer no “quadro de um processo institucional de paz“. Mas a coesão do Governo está “absolutamente assegurada“, uma vez que esta matéria não consta do acordo de coligação, mas manifesta a sua “divergência quanto à oportunidade da declaração de reconhecimento de um Estado palestiniano“, ressalvou Nuno Melo.
OC/MP/LUSA
Jornalista free-lancer






