PORQUE GOSTO MUITO DAS PESSOAS…
Até 2030, uma em cada seis pessoas no mundo, terá 60 ou mais anos. Atualmente, há mais pessoas com mais de 65 anos do que com menos de 5 anos de idade. O Centro Internacional Sobre o Envelhecimento (CENIE), com base nestes dados, afirmou que se trata de uma mudança transformadora na idade da população mundial, única na história.
Os portugueses com mais de 50 anos, já hoje, são mais de metade da população. Em 2020, este segmento que está em crescimento, já foi responsável por 59 % de todas as despesas de consumo doméstico e estima-se, que em 2050, este valor possa chegar aos 69 %.
Sobretudo porque gosto muito de pessoas, estes e outros números, são para mim claros, na demonstração da realidade e dimensão dos desafios que temos pela frente e justificam bem o facto de a Economia da Longevidade, estar na ordem do dia em muitos países.
Qual o impacto que esta nova realidade já tem e vai ter na população ativa e no crescimento económico? Nas políticas sobre a emigração? Na Segurança Social? No setor da saúde? No aumento de impostos para suprir custos crescentes? Na idade da reforma? Na diminuição do nível de poupança de um país, por utilização de recursos após reforma? Na alteração da estrutura dos setores de atividade? Na mudança dos mercados e até na comunicação?
São desafios que devem ser encarados também como oportunidades, que é urgente identificar e aproveitar. Sobretudo, é necessário levar muito a sério e FAZER, para bem das pessoas, ainda que hoje sejam mais jovens…
O setor da saúde terá de se focar, cada vez mais na prevenção. A promoção de diferentes estilos de vida, o negócio das comidas e bebidas mais saudáveis não terão caminho para andar? O setor do lazer, não deverá aumentar o seu foco nas pessoas com mais idade? Não estaremos obrigados a ajustar o setor do turismo?
Temos de nos focar também, em todos aqueles, que não estão em cadeiras de rodas, mas que fazem a sua caminhada e corrida diária, que gostam de diversão e viagens, de participar em atividades culturais, de participarem em grupos sociais com interesses semelhantes. Enfim, que pretendem ser felizes, apesar do avanço na idade.
Mas… temos também de financiar vidas mais longas!
Esta perspetiva, orienta-nos logo, para um novo conjunto de desafios. Por exemplo, como estamos, em Portugal, ao nível da literacia financeira? Muito mal, mesmo muito mal. Na cauda da Europa. Na resposta a inquérito à literacia financeira efetuado em 2020, 40% dos portugueses, responderam que não teriam capacidade para pagar uma despesa inesperada, equivalente ao rendimento mensal… 85 % afirmaram, que irão financiar a sua reforma, através dos descontos para os regimes contributivos obrigatórios…
Alguns estarão obrigados a trabalhar durante mais tempo, na tal segunda vida ativa, ainda que em formatos diferentes, com funções diferentes e, espero, com menos horas e horários mais flexíveis. Como está a promoção do combate ao preconceito etário e a formação para trabalhadores mais velhos?
Caro leitor, porque gosto muito de pessoas, serão estes últimos temas que me orientarão nos próximos artigos, subscrevendo a ideia que envelhecer bem, será cada vez mais importante para cada um de nós, mas a longevidade, também deverá provocar um maior valor económico, do qual todos beneficiaremos.
Economista Conselheiro e Consultor