A peregrinação internacional de maio ao Santuário de Fátima, a primeira após a morte do Papa Francisco e a eleição de Leão XIV, acontecimentos que deverão marcar as celebrações, começou ontem, presidida pelo cardeal brasileiro Jaime Spengler.
Jaime Spengler, arcebispo metropolita de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, foi criado cardeal por Francisco, em dezembro de 2024, tendo participado no conclave que elegeu na quinta-feira o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost líder da Igreja Católica.
As celebrações da peregrinação de 12 e 13 de maio, 108 anos após os acontecimentos na Cova da Iria e nas quais são esperados milhares de fiéis, iniciaram às 21:30 de ontem, com a recitação do terço, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a procissão das velas e a Celebração da Palavra, no recinto do santuário.

Hoje, terça-feira, após a recitação do terço, às 09:00, na Capelinha das Aparições, começa, uma hora depois, a missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, no recinto.
Francisco, eleito Papa em 2013, morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos. Esteve no Santuário de Fátima por duas vezes: em maio de 2017, no centenário dos acontecimentos da Cova da Iria e para canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto, e em agosto de 2023, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa na quinta-feira, ao fim de dois dias de conclave, e assumiu o nome de Leão XIV.
Nascido em Chicago, Estados Unidos da América, tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho.
Para esta peregrinação, a primeira grande peregrinação do ano ao maior templo mariano do país, o dispositivo de segurança é de cerca de 240 militares, anunciou a Guarda Nacional Republicana.
Já a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil acionou ontem uma operação de dois dias para garantir a segurança dos peregrinos, contando com mais de 300 operacionais, dos quais 170 provenientes de diversos corpos de bombeiros da região.
Santuário de Fátima estima um milhão de peregrinos entre Janeiro e Abril
Entretanto, o reitor do Santuário de Fátima estimou que, entre janeiro e abril deste ano, cerca de um milhão de peregrinos possam ter participado nas celebrações do templo, número em linha com o do período homólogo de 2024.
“De 01 de janeiro a 30 de abril, dados incompletos e provisórios, registámos a presença de 869.605 participantes nas 2.935 celebrações que se realizaram no santuário. É por isso legítimo pensar que, com os números do mês de abril, possamos estar muito próximos de um milhão de participantes nas celebrações do santuário, o que estará em linha com o número de peregrinos registados no mesmo período do ano passado“, afirmou Carlos Cabecinhas.

Na conferência de imprensa da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio, o reitor do maior templo mariano do país adiantou que, “quanto aos grupos organizados que se inscreveram nos serviços do santuário, de 01 de janeiro a 11 de maio“, foram registados “405 peregrinações de grupos portugueses, o que representa um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano passado“.
“Registámos a presença 1.082 grupos estrangeiros, o que significa um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2024“, declarou, explicando que, dos países mais representados, “os peregrinos espanhóis são os estrangeiros mais numerosos em Fátima, seguidos dos polacos“.
Ainda de acordo com o sacerdote, “vêm depois os grupos dos Estados Unidos, da Indonésia e Itália“.
Quanto às peregrinações já marcadas para o resto do ano, surgem, de novo, os peregrinos de Espanha, seguidos da Polónia, Itália, Vietname e Ucrânia.
O reitor anunciou ainda que hoje à noite o santuário inaugura e benze uma nova cruz, na Capelinha das Aparições.
“Há muito que sentíamos a necessidade de dotar o espaço da Capelinha de uma figuração da cruz com Cristo crucificado que fosse mais visível e mais expressiva, com tratamento artístico mais consentâneo com a importância daquele lugar“, justificou, defendendo que “este era o momento oportuno para o fazer, assinalando, assim, o presente Ano Jubilar com uma cruz“.
Carlos Cabecinhas recordou que “o Papa Francisco também escolheu uma cruz como imagem deste Jubileu da Esperança“.
Segundo o reitor, a cruz para a Capelinha “deveria responder às exigências daquele espaço” celebrativo, enquanto espaço celebrativo”, sendo que “importava não descaracterizar o local, respeitando a importância do ícone maior que é a Imagem de Nossa Senhora e a própria Capelinha“.
O escultor Rogério Timóteo foi o escolhido para este trabalho, acrescentou o reitor.
OC/MP
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Jornalista free-lancer