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Segunda-feira, Maio 12, 2025

Perder a linguagem, não a voz

Milhares de portugueses vivem com afasia, uma perturbação neurológica que compromete a comunicação. A Associação Portuguesa de Apoio à Pessoa com Afasia (IPAFASIA) alerta para a falta de resposta adequada em Portugal e reforça a necessidade urgente de inclusão, terapias acessíveis e formação de profissionais de saúde.

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Afasia é o nome da condição que, de forma súbita, pode roubar a capacidade de falar, escrever ou compreender a linguagem, mantendo intactas a inteligência e as emoções. Esta perturbação neurológica, causada sobretudo por acidentes vasculares cerebrais (AVC), mas também por traumatismos cranianos ou tumores cerebrais, afeta milhares de pessoas em Portugal e continua a ser largamente desconhecida da população.

Para quem sofre de afasia, tarefas simples tornam-se um desafio diário: pedir um café, telefonar a um familiar ou participar numa conversa. À dificuldade comunicativa somam-se frequentemente o isolamento social e a frustração emocional. Apesar da gravidade do impacto, Portugal ainda não dispõe de uma resposta estruturada para apoiar estas pessoas.

É neste contexto que a IPAFASIA – Associação Portuguesa de Apoio à Pessoa com Afasia – lança o alerta: Portugal está preparado para apoiar estas pessoas?

“Mais do que uma condição médica, a afasia é uma barreira social. É urgente garantir respostas terapêuticas consistentes, mas também mudar mentalidades. As pessoas com afasia continuam a pensar, a sentir, a querer comunicar. Só precisam de tempo, compreensão e das ferramentas certas”, afirma Paula Valente, Diretora Executiva da IPAFASIA.

A associação tem vindo a promover ações de capacitação de profissionais de saúde, tanto no setor público como privado, com o objetivo de reduzir as barreiras comunicacionais nos cuidados prestados. Esta formação é baseada no método com maior evidência científica e envolve pessoas com afasia como formadoras.

“Muitas destas pessoas sentem-se frequentemente excluídas dos processos de decisão, incompreendidas e insatisfeitas com os cuidados prestados — não por falta de competência técnica, mas por barreiras de comunicação que podem e devem ser superadas. Por isso, estamos profundamente comprometidos em continuar a disseminar o método de comunicação com maior evidência científica disponível atualmente, promovendo uma prestação de cuidados verdadeiramente centrada na pessoa. Todas as instituições interessadas podem candidatar-se junto da associação para acolher esta formação, que envolve pessoas com afasia como formadoras, num modelo de workshops práticos e participativos”, reforça Paula Valente.

Além da sensibilização, a IPAFASIA atribui bolsas de apoio a terapias, ajustadas às condições financeiras dos beneficiários. Apenas 20% dos utentes pagam o valor integral, sendo o restante suportado através da consignação de IRS e outros apoios.

OC/AJA

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