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Sábado, Dezembro 7, 2024

Multidão celebrou Halloween no “Castelo Assombrado” de Santa Maria da Feira

Mais de duas mil pessoas participaram no Halloween no Castelo de Santa Maria da Feira, onde o tradicional evento "Castelo Assombrado" trouxe personagens sombrias e cenas inquietantes. Visitantes enfrentaram longas filas para viver a experiência única de terror e fantasia.

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Rui Paulo Costa
Rui Paulo Costa
Editor Adjunto

Uma aventura no castelo…BUUuuuuu…

À medida que a noite avançava, uma longa fila formava-se em torno do Castelo de Santa Maria da Feira. Crianças, jovens e adultos aguardavam pacientemente para entrar no “Castelo Assombrado”, atraídos pelas luzes ténues e sons enigmáticos que vinham das muralhas. É tudo brincadeira, mas parece mesmo real”, comentava um visitante enquanto a fila serpenteava em direção ao portão. Cada grupo, ao atravessar os arcos de pedra, encontrava um mundo cuidadosamente preparado para provocar o medo e o espanto.

Ao cruzarem os primeiros metros do percurso, os visitantes eram recebidos por gritos e murmúrios que ecoavam das paredes e logo ao virar à esquerda, um enorme diabo vermelho fumeava e vociferava inimagináveis maldições.

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Diabo Vermelho
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

O caminho guiava o público por diferentes cenários, como o espaço onde uma mulher vestida de branco, ensanguentada circulava com uma faca na mão. “Sou uma noiva-zombie, que foi abandonada e amaldiçoada a vaguear pelo castelo.” A interpretação era tão realista que alguns dos visitantes reagiam com genuíno terror, recuando a cada passo que a figura espectral dava em sua direção. “Já tive várias reações inesperadas. Muitos gritam e alguns até tentam fugir. Os gritos são a nossa melhor recompensa”, comentou a figurante, destacando o efeito das suas aparições repentinas.

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Noiva
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

Seguindo pela rota traçada, as cenas tornavam-se cada vez mais densas. Um dos cenários mais comentados do evento era o “Circo Maléfico“, onde palhaços sinistros se moviam num espaço circense surreal. “É o nosso circo, mas não é um circo bom”, brincou um dos palhaços. Neste espaço, os palhaços não faziam truques, nem diziam piadas, mas sim perseguiam quem se aproximava, um deles munido de um martelo gigante e outro com um taco de basebol, intensificando a sensação de desconforto. “Assustar faz parte da diversão, e sabemos que muitos estão cá para isso mesmo”, afirmou um dos figurantes, satisfeito com as reações. 

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Circo
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

Entre os visitantes, uma senhora grávida foi uma das que se aventuraram no percurso. Em cada esquina, ela hesitava, mas, incentivada pelo marido e outros familiares, continuava. “Quero ir embora, mas não posso perder esta experiência”, confessou, rindo nervosamente após um dos sustos. A organização garantiu que, embora assustador, o percurso era seguro e controlado, e que a experiência incluía também áreas de descanso para quem precisasse de um intervalo.

Para além das personagens, o “Castelo Assombrado” contou com a presença de animais simbólicos, como, cobras, corujas e bufos reais. “A nossa empresa ajuda a criar a atmosfera trazendo estes animais. Eles estão habituados a ambientes assim e não ficam stressados com a interação”, explicou uma das cuidadoras, enquanto uma coruja das torres observava atentamente os visitantes que passavam. Os organizadores referiram que a presença dos animais ajudava a aprofundar o ambiente, criando uma conexão mais forte com as histórias medievais e lendárias do castelo.

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Coruja das Torres
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

Uma figurante muito especial, caracterizada como um demónio, contornava as pessoas, movendo-se silenciosamente, apenas para assustá-las de surpresa. “Eu sou um demónio tradicional”, explicava Fernanda Morais, uma das organizadoras. “Não demorei muito a caracterizar-me, a magia vem do ambiente.” Acrescentava também que a maior parte dos figurantes, não só ajudava a criar o cenário, como ainda participava na conceção das suas personagens.

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Fernanda Morais caraterizada de demónio
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

A diretora artística no “Projeto Alquimia”, explicou tudo a “O Cidadão”

Fernanda Morais, professora e uma das principais responsáveis pela organização do evento, explicou o propósito do projeto. “Começámos esta tradição em 2010, com o apoio da Associação Projeto Alquimia e do Agrupamento de Escolas Coelho e Castro. A ideia era proporcionar aos nossos alunos uma experiência prática e enriquecedora.” Este Halloween, segundo ela, envolveu cerca de 58 alunos do curso de Animador Sociocultural. “Os estudantes colaboraram desde a conceção dos personagens até à criação dos cenários, aplicando o que aprenderam em sala de aula”, disse!

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

A experiência do “Castelo Assombrado” é adaptada e evolui ano após ano. “Tentamos não repetir exatamente as mesmas cenas”, continuou a nossa anfitriã. “Os personagens e os cenários podem ter temas semelhantes, como as bruxas, os fantasmas ou os demónios, mas mudamos a disposição e criamos novos contextos para manter o interesse.” Segundo ela, essa constante renovação reflete o empenho da equipa em entregar uma experiência que corresponda às expectativas e que surpreenda até os visitantes habituais. 

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

O percurso pelo castelo é feito com o apoio da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que fornece uma parte dos fundos necessários para o evento. “Também contamos com a bilheteira, o que nos ajuda a cobrir as despesas”, afirmou a organizadora. As filas de espera, que faziam parte da experiência desde os primeiros anos, foram ajustadas para facilitar o fluxo de entrada e saída. Apesar do número elevado de visitantes, a também diretora artística, elogiou a paciência e o entusiasmo do público. “É impressionante como as pessoas vêm com calma e apreciam o tempo de espera. Parece que já faz parte da tradição.” 

A preparação do evento começa ainda em maio, quando se delineiam as primeiras ideias. “Com o tempo, organizamos todos os detalhes, desde a burocracia até à caracterização dos personagens. É um trabalho intenso, mas muito gratificante”, confidenciou-nos Fernanda. O Halloween em Santa Maria da Feira não é apenas uma noite de diversão, mas um projeto educativo e cultural que envolve a comunidade local e promove a criação artística e a expressão individual. “Muitos dos nossos alunos têm a oportunidade de explorar a sua criatividade e aprender a lidar com o público, competências que são muito úteis no seu futuro profissional”, destacou.

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

Adeus, adeus até para o ano

Saímos já passava da meia-noite, a hora mítica neste tipo de eventos, mas as portas do castelo ainda estavam muito longe de estar encerradas, cá fora a fila continuava quase tão longa como na altura em que entramos.

Para muitos, o “Castelo Assombrado” tornou-se uma tradição. “Já não é a mesma coisa sem isto”, declarou-nos um jovem visitante que estava a entrar e esta era já a sua quarta vez neste evento.

O fluxo de entrada era continuo, mas acreditamos que os visitantes, tal como nós, quando deixavam o castelo, saíam com histórias para contar e com uma experiência, mesmo sendo “de brincadeira”, cheia de sustos e memórias inesquecíveis.. 

Castelo Assombrado - Santa Maria da Feira
Castelo Assombrado Santa Maria da Feira
Fotografia: ANTÓNIO PROENÇA

ALBÚM DE FOTOS

Reportagem OC : Rui Paulo Costa (texto) e António Proença ( fotos)

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