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Terça-feira, Setembro 17, 2024

Mulheres na Música (Parte 9): Indigo Girls – Por António Ferro

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António Ferro
António Ferro
Músico/Colaborador

 

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Direitos Reservados

Quando ouço a sonoridade da orquestra sinfónica, sinto uma convergência de muitos sentimentos”, diz Emily Saliers, que juntamente com Amy Ray, formam o grupo de folk/rock, Indigo Girls.

Sendo a América, o berço da música “folk/country”, uma música tradicionalmente machista (música de cowboys…), é de salientar o aparecimento de notáveis cantoras, entre tantas outras, como: Emmylou Harris, Any de Franco, Hazel Dickens, Judy collins, Joan Baez, Joni Mitchell e Holly Near, que criou a Redwood Records, uma das primeiras empresas discográficas pertencente a mulheres.

Em 2012, Saliers e a sua parceira da Indigo Girls, Amy Ray, embarcaram num novo arrojado capítulo, colaborando com alguns orquestradores para criarem arranjos sinfónicos, com o intuito de vestirem as suas canções de uma inovadora criatividade. Foi um esforço desafiador, para dizer no mínimo, mas a dupla vencedora do GRAMMY, conseguiu encontrar aquele elusivo ponto sonoro com o projeto, criando uma mistura perfeita de folk, rock, pop e clássica que elevou suas músicas a novos níveis emocionais. sem sacrificar a intimidade emocional e a honestidade que definiram sua música por décadas.

Agora, depois de mais de cinquenta apresentações com orquestra sinfónica em toda a América, a experiência foi finalmente gravada em toda a sua grandiosidade no novo álbum da banda, “Indigo Girls Live With The University of Colorado Symphony Orchestra”.

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Direitos Reservados

Registada para uma plateia esgotada em Boulder, CO, e habilmente misturada pela produtora vencedora do GRAMMY, Trina Shoemaker (Sheryl Crow, Emmylou Harris), a gravação mostra Indigo Girls no seu melhor: cruas, reais e reveladoras. As vozes de Ray e Saliers são poderosas e delicadas, com suas harmonias vocais envoltas em singularidade, com letras realistas e emocionadas pelos direitos das mulheres e dos povos oprimidos, são “embrulhadas” por arranjos deslumbrantes e eloquentes de Sean O’Loughlin e Stephen Barber. As orquestrações são tão ricamente cinematográficas quanto uma partitura cinematográfica (apenas trocar – no bom sentido obviamente, John Williams por J.S. Bach), e a “sinfonia” de sessenta e quatro canções, absorve cada momento de paixão, ajudando a levar a narrativa evocativa da banda, a uma vida mais vivida do que anteriormente teria alcançado.

Não queríamos apenas colocar um pouco de música clássica em uma faixa da Indigo Girls e encerrá-la um dia”, diz Ray. “Nós queríamos que essas músicas fossem tão dramáticas e tão grandes quanto poderiam ser. Queríamos arranjos activos que fizessem pleno uso do estilo sinfónico e lhes dessem um enquadramento total. Nervosas ao entrarmos no palco com todos aqueles músicos incríveis e com esse infindável talento.”


Abrangendo material de toda a carreira da banda, apresenta uma mistura de clássicos recriados, cortes profundos inesperados e faixas do último álbum de estúdio da Indigo Girls, “One Lost Day”, “Compromise” envolve suas raízes punk em torno do western de cordas, enquanto em “Go” flexiona o músculo explosivo da banda, e “The Power Of Two” acena para os arranjos exuberantes de lendários compositores como Tom Waits e Harry Nilsson.

A energia na sala naquela noite era contagiante, com os músicos e os fãs se alimentando da mesma eletricidade visceral, e a multidão não pôde deixar de juntar-se a um canto enorme de “Closer To Fine”.
Há um senso inconfundível de comunidade e inclusão no álbum, em parte porque isso é uma marca de todos os shows de Indigo Girls, mas também em parte porque Ray e Saliers se consideravam peças da orquestra para a performance, não mais e não menos importante do que qualquer outro artista no álbum.

“Era essencial para mim que todos estivessem em igualdade de condições”, explica Ray. “Eu não queria que o público sentisse que eles estavam apenas vendo Emily e eu, apoiados por uma orquestra sinfónica. Cada músico era integrante e todo o espetáculo transcendia o que qualquer um podia fazer sozinho.”

O poder da unidade, tanto na música quanto na vida, tem sido um cartão de visitas da Indigo Girls desde que chegaram ao centro das atenções, com o seu álbum de 1989. Desde então, a banda acumulou uma enorme quantidade de discos de ouro e platina, levou para casa um cobiçado Grammy Award e conquistou o respeito de outros músicos que se tornaram colaboradores de Michael Stipe a Joan Baez.

O Mountain Stage da NPR chamou o grupo de “uma das melhores duplas de todos os tempos”, enquanto a Rolling Stone disse que “personifica o que acontece quando duas sensibilidades distintas, vozes e cosmovisões se juntam para criar algo transcendentalmente próprio”, e The New York. Os tempos elogiaram que “palavrões profanos, hinos justos de protesto e impecáveis composições folclóricas têm essa dupla há trinta anos”.
Saliers e Ray nunca foram as únicas a descansar sobre os louros, no entanto, cada uma lançou um disco a solo, aclamados pela crítica em seu tempo de inatividade, como Indigo Girls. E se enquadraram em ativismo político e social, elas continuam perpectuamente à procura do próximo grande desafio…

Amy e eu sempre tentamos crescer e evoluir com as nossas composições e trabalhar com diferentes instrumentos, produtores e orquestradores ao longo do caminho”, reflete Saliers. “Os shows com a orquestra sinfónica, foram uma oportunidade de nos apresentarmos numa “encarnação” completamente diferente, para fazer algo totalmente inusitado”.

A profusão de diversas etnias, desde os povos nativos, aos imigrantes do reino unido, Espanha, Irlanda, Alemanha e França, trazendo consigo novos instrumentos e diferenciados estilos musicais, realçando a forte presença de escravos africanos e das suas influências culturais, criaram uma miscigenação de estilos (Blues, Jazz, Country, Gospel e mais tarde o Rhythm and Blues, Rock and Roll, Pop, Tecno e Hip-Hop) vão estar na base da chamada música americana. Ou seja, uma música influenciada por povos europeus e americanos que se alarga às suas cidades, como: Seattle, Minneapolis, Nashville, Chicago, Austin, Los Angeles, Nova Iorque e principalmente Louisana, com a sua forte influência do Cajun Françes que mais tarde serve de mote ao estilo de blues Zydeco – tocado no acordeão.

Sem esquecer a música Havaiana e alguma música do sudoeste dos estados unidos. Guitarras, violinos, banjos, harmónicas, criam uma sonoridade que rapidamente conquista a europa, principalmente o reino unido, onde Bob Dylan, tem uma forte importância na sua expansão.

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