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Domingo, Abril 27, 2025

Martim Moniz: almoçámos, fomos às compras e passeámos no bairro mais multicultural e étnico de Lisboa

Há cerca de um ano, os moradores do Martim Moniz, em Lisboa, partilharam as suas ideias para tornarem o local mais aprazível. Feita a consulta, foi selecionado o projeto vencedor: “Jardim do Mundo”. A reestruturação inclui uma ampla praça pedonal com mais espaços verdes, parque infantil, instalações sanitárias públicas. As obras deverão terminar em 2026. Até lá, a vida segue junto à Praça do Martim Moniz. Durante uma tarde, O CIDADÃO percorreu este que é um dos bairros mais carismáticos e multiculturais da capital.

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O CENTRO COMERCIAL DA MOURARIA

A jornada inicia-se junto ao Hotel Mundial. A icónica unidade hoteleira está de portas abertas desde 1958 e oferece uma vista deslumbrante sobre a cidade de Lisboa, a partir do Rooftop Bar. Atravessando a rua, facilmente damos de caras com o célebre Centro Comercial da Mouraria. É a nossa primeira paragem para umas compras improvisadas. Aos primeiros passos sente-se o forte cheiro a incenso, que funciona como premonição daquilo que nos espera: lojas tipicamente chinesas e indianas, cujo core business passa pela venda de vestuário, bijutaria, telemóveis, artigos esotéricos e até cortinados.

Há expositores amontoados com roupas nos corredores, vendedores que prometem “bom artigo a bom preço”, alguns turistas desapontados que saem no primeiro minuto em que entram. Ainda assim, há vida no Centro Comercial da Mouraria. Mesmo que a oferta seja bem diferente do que era há décadas e que o português não seja o idioma predominante. São quatro andares onde também cabem salões de cabeleireiros, “nails & spa” e mercearias com produtos alimentares vindos de todos os continentes.

COZINHA INTERNACIONAL À PORTA DE CASA

Apesar de mais tardio do que o habitual, o almoço é um compromisso ao qual não fugimos. Nas ruas que circundam a Praça do Martim Moniz há dezenas de espaços que nos convidam aos sabores da índia, do Nepal, do Oriente e de África. A cozinha tradicional portuguesa também mora aqui (há tascas que, nos letreiros, anunciam “iscas com elas” ou “bacalhau com grão”, além dos típicos bitoques), mas decidimos elevar a fasquia. Decidimos experimentar comida coreana, num restaurante cujos proprietários são originários de Seul.
Num português imaculado, a funcionária ajudou a descodificar a ementa. À pergunta “qual o prato com mais saída?”, seguiu-se a resposta: “bimbibap” (traduzindo: arroz, ovo, carne e vegetais com pasta de malagueta). A malagueta desencorajou-nos, o que motivou outra opção não menos popular: “yangnyeom” (frango frito com molho doce).

A experiência gastronómica não desiludiu. Aqui, uma refeição completa poderá chegar aos 15 euros, mas a Praça do Martim Moniz é um mundo e não falta espaços de “kebab & pizza”, comida chinesa e outros com iguarias mais em conta.


CONHECER LISBOA A PARTIR DO MARTIM MONIZ

Os tuks-tuks fazem fila no Largo do Martim Moniz. Cartazes em várias línguas prometem uma experiência diferente, percorrendo os pontos nevrálgicos da cidade de Lisboa. Uma viagem com duração de 1h chega a rondar os 70 euros. O valor, mesmo que elevado, não demove os turistas.

O Martim Moniz é também o ponto de partida e de chegada do mítico elétrico 28, que há mais de 100 anos convida a conhecer as ruas históricas sobre carris. É, aliás, uma das principais atrações da capital, cuja linha passa por zonas emblemáticas como a Graça e os Prazeres. O bilhete é adquirido a bordo, ronda os 3,50 euros (por viagem) e exige-se alguma paciência para as longas filas de turistas que aguardam pelo início do passeio. Uma dica que poderá fazer a diferença: optar por fazer a viagem bem cedo (antes das 9:00) ou ao final do dia (após as 18:00).

No nosso caso, a viagem foi feita a meio da tarde, pelo que não restou alternativa senão esperar. Mas valeu a pena, apesar dos solavancos e de alguns encontrões à mistura – atendendo ao facto de irmos de pé, pois quase que se contam pelos dedos os lugares sentados. Saímos perto da Sé de Lisboa e regressámos novamente para o Martim Moniz (desta vez, com menos gente, já que se aproximava o final da tarde).

ENVOLVER OS CIDADÃOS

A Praça do Martim Moniz e as zonas adjacentes são sinónimo de diversidade social, étnica, cultural e geracional. Numa palavra: multiculturalismo. O projeto “Jardim do Mundo”, que irá reconverter a Praça, confirma um desejo transversal a todos os lisboetas – tornar o bairro mais verde, atrativo e seguro. Além de ter contado com a participação dos residentes, a ideia envolveu mais de 70 crianças do jardim de infância e da escola primária da freguesia de Santa Maria Maior. Todas elas foram convidadas a desenhar soluções para a Praça do Martim Moniz.

A reestruturação em curso, aliás, pretende devolver a alma a este bairro de Lisboa. Basta lembrar que, em 2017, a Praça foi palco de exposições de artesanato urbano, de bancas dedicadas à street food internacional e de espetáculos musicais representativos da cultura dos quatro cantos do mundo.








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