“Nós, latino-americanos, somos sonhadores por natureza e temos problemas para diferenciar o mundo real e a ficção. É por isso que temos ótimos músicos, poetas, pintores e escritores, e também governantes tão horríveis e medíocres.” – Afirmou em 1010
Mário Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Perú, em 1936. Foi escritor, dramaturgo, ensaísta, professor e passou fugazmente pela política ativa.

O seu principal galardão literário é o Prémio Nobel da Literatura que lhe foi atribuído em 2010; no entanto, os prémios obtidos não ficam por aí. Prémio Cervantes, Prémio Príncipe, das Astúrias, Prémio Nacional da Novela do Peru e Prémio Rómulo Gallegos fazem parte da sua coleção de reconhecimentos públicos mundiais.
Vargas Llosa foi educado pela mãe e pelos avós maternos, após o divórcio dos pais. Primeiro, em Cochabamba, na Bolívia e, depois, em Arequipa, no Peru.
Estudou na Academia Militar (o seu pai era militar) e licenciou-se em Letras. No início da sua carreira profissional foi jornalista.
Em 1959, muda-se para Paris; casou com a sua tia, 10 anos mais velha, Julia Urquidi. Na “Cidade-Luz” dedicou-se à tradução, ensino de espanhol e jornalista da Agência France-Press.
Poucos anos depois, separou-se de Julia e casou com a sua prima-irmã e sobrinha da sua ex- mulher, Patricia. Viveram 50 anos juntos e tiveram 3 filhos. Em 2015, com quase 80 anos, divorciou-se de Patricia e iniciou uma ligação amorosa com uma figura do “jet-set” espanhol, Isabel Preysler, ex-mulher do cantor Julio Iglésias.

Dezenas de reconhecidos livros
Mário Vargas Llosa foi um escritor prolífico e grande protagonista, com Garcia-Márquez, Cortázar e Carlos Fuentes, do grande desenvolvimento da literatura latino-americana nas décadas de 1960 e 1970., sempre sujeita a altos e baixos
O seu primeiro livro, publicado em 1959, “Os Chefes”, tornou-o conhecido em todo o mundo de língua castelhana e com o qual obteve o prémio “Leopoldo Alas”.
Seguiu-se, em 1963, “A Cidade e os Cachorros” e e 1966, “Casa Verde”. O seu reconhecimento público global como romancista deu-se em 1969, após publicar uma das suas obras emblemáticas – “Conversa na Catedral”.
Os seus livros relatam as realidades sociais do Peru e de outros países da América Latina, sempre sujeitos a altos e baixos e muita conflitualidade. O corte com a intelectualidade americana, quiçá mundial, surge em 1990 quando lança a candidatura à presidência do Peru, apoiado pelos liberais. Saiu derrotado e, após as eleições, afirmou à imprensa “… o meu lugar está nas letras, na literatura , nas aulas, mundo de onde nunca devia ter saído e para onde vou voltar.”
Foi o primeiro escritor a entrar na Academia Francesa, sem nunca ter escrito em francês. Era também membro da Real Academia Espanhola, da peruana e sócio-correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Genial e polémico
Se, no plano da literatura, Vargas Llosa é reconhecido por todos como um escritor de excelência, na sua vida pessoal, mais concretamente nas decisões políticas que tomou, levou a que “muita tinta” fosse gasta, a conflitos e polémicas de vária índole.
Em 1971, confessara publicamente a sua admiração pela figura e pelo regime de Fidel Castro, não negando a sua simpatia pelos partidos comunistas. Mas acabou por desiludir-se, como muitos outros, quando o poeta e jornalista cubano Herberto Padilla foi obrigado, pelo governo de Castro a fazer uma humilhante autocrítica pública. Foi o momento em que Vargas Llosa pôs ponto final nesse tipo de simpatias ideológicas.
De tal modo que, em 1990, é candidato ás eleições presidenciais do Peru por um partido conservador e elitista. E chegou a ser favorito! Mas Alberto Fujimori entrou em força na campanha eleitoral e ganhou as eleições.
Já nos últimos anos da sua vida, fez veementes críticas ao liberalismo emergente e ao populismo de extrema-direita e extrema-esquerda. Afirmou aos jornais que “O populismo é a doença da democracia.” Juntava no saco do populismo, o castrismo e o nacionalismo independente.
O Instituto Cervantes anunciou que vai publicar o “Dicionário Mário Vargas Llosa”, após ter conhecimento da morte da sua morte.
Não haverá cerimónias fúnebres e os restos mortais de Vargas Llosa serão incinerados – informou a família

PRINCIPAIS obras de ficção:
“Os Chefes” (1959)
“A Cidade e os Cachorros” (1963)
“A Casa Verde” (1966)
“Os Filhotes” (1967)
“Conversa na Catedral” (1969)
“Pantaleão e as Visitadoras” (1974)
“Tia Julia e o Escrevinhador” (1977)
“A Guerra do Fim do Mundo” (1981)
“História de Mayta” (1984)
“Quem Matou Palomino Molero?” (1986)
“O Falador” (1987)
“Elogio da Madrasta” (1988)
“Lituma nos Andes” (1993)
“Os Cadernos de Don Rigoberto” (1997)
“O Paraíso na Outra Esquina” (2003)
“As Travessuras da Menina Má” (2006)
“O Sonho do Celta” ( 2010)
“Herói Discreto” (2013)
“Cinco Esquinas” (2016)
“Tempos Ásperos” (2020)
Além da ficção, Mário Vargas Llosa escreveu uma dezena de ensaios e 6 peças de teatro.

Jornalista