Procrastinei algum tempo este repto para ser mais especial e homenagear todos os avôs deste universo no Dia Mundial que lhes foi atribuído- 26 de julho. Na origem e na história deste dia não me vou debruçar porque já muito foi escrito. Consultar o dr. Google é simples, tudo lá está.
Importante mesmo é prestigiar os mais velhos da família, muitas vezes preteridos, esquecidos, da sua dedicação, sabedoria e experiência acumulada. Os avós são uma garantia da continuidade da família.
Na história passada recente que testemunhei e fui protagonista, as avós eram o pilar da família. Fomos um país de emigrantes, em que os homens fugiam de “assalto” para os países da Europa e fugiam à guerra colonial para o “outro lado do mundo” (EUA e Venezuela), ficavam as mulheres e as avós com os netos. As avós, quase sempre analfabetas, incutiam a sabedoria espiritual, as tradições, o trabalho, a interajuda, o convívio, a partilha constante com os com os vizinhos (amassar, cozer e partilhar o pão, vindimar, pisar e fazer o vinho, plantar, mondar, apanhar e desfolhar o milho, as romarias dos padroeiros e santos de cada localidade em que todos colaboravam a engalanar as capelas e as ruas para as procissões).
Vejo o meu papel de avó muito mais além e muito diferente do que vivi como neta. Uma função alargada mais ativa, sinto-me uma avó tradicional e moderna, passiva e ativa. Hoje as avós têm um nível cultural mais elevado, atividades mais diversificadas e com outras dinâmicas agora associadas as tecnologias. Uma radical mudança de perspetivas. Outros saberes, outra cultura que a evolução e o tempo transformaram. É muito mais que ficar com os netos em casa e dar-lhes um lanchinho e fazer-lhes umas lambarices.
Ser avó, para mim, foi e tem sido um desafio constante. Foi nascer de novo e voltar á juventude com uma vitalidade emocional e física. Não sei se é assim com outras avós, mas sinto-me especial, diferente.
Experienciar o nascimento e o crescimento de vidas tão diferentes foi somar forças e colmatar diferenças.
Sinto que os meus netos têm vaidade e orgulho da avó que com eles joga padel, basquetebol, mergulha no mar e nada na piscina, joga vólei, stand up padel, corre, faz umas caminhadas. Joga e ensina todos os jogos de tabuleiro (xadrez, damas, dominó, cartas, desafios culturais e estratégicos múltiplos), que vai ao cinema, que vai dar uma aula à escola e inventa um jogo, faz uns cozinhados diferentes que tanto gostam. Enfim, coisas simples, surpreendentes e repletas de muitas emoções, sorrisos, alegrias, esforço, muita cumplicidade e muitas histórias para contar. É uma tarefa com muitos desafios e conquistas que me faz usar muito potencial e me faz constantemente viva e saudável. É despertar e ser o melhor de mim. É mais sentido o propósito da vida.
Ser avó , é um espaço único na vida dos netos e mais importante saber que os meus netos podem contar comigo para tudo.

Enf.ª Especialista em SMP