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Segunda-feira, Maio 12, 2025

Celebrar Abril, mas pouco! – Por António Proença

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As comemorações do 25 de Abril de 2025, que deveriam celebrar a liberdade e a democracia conquistadas em 1974, ficaram marcadas por uma gritante contradição: a repressão seletiva de opiniões dissidentes. A detenção do ex-juiz Rui Fonseca e Castro, durante uma manifestação contra o regime vigente, expôs de forma clara a crescente intolerância para com posições políticas fora do espectro dominante.

Fonseca e Castro, figura polémica e crítica do Estado, liderou uma manifestação pacífica em Lisboa, sob o lema da liberdade e da justiça. No entanto, foi rapidamente silenciado pelas autoridades, sendo detido juntamente com outros manifestantes antes dos confrontos cuja origem permanece pouco clara. A polícia, como habitual nestes casos, invocou a necessidade de manter a ordem pública — uma justificação cada vez mais usada para sufocar vozes incómodas.

O mais alarmante, porém, é o contraste evidente com o tratamento dado a grupos de extrema-esquerda. Estes, mesmo quando defendem ideias radicais ou antidemocráticas, continuam a ocupar espaço público livremente, muitas vezes com apoio institucional e até participação oficial nas celebrações do 25 de Abril. Nenhuma ação é tomada contra eles, nenhuma repressão é aplicada. A lei, ao que tudo indica, não é para todos.

Este duplo critério não só desvirtua o espírito do 25 de Abril, como revela uma preocupante tendência de censura seletiva e manipulação ideológica. A democracia torna-se frágil quando só protege aqueles que pensam da forma “certa”. Para muitos, o que se vive hoje em Portugal não é liberdade — é conformismo disfarçado de democracia.

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