Antes do cinco minutos de jogo, o Boavista podia ter marcado; Salvador Agra, isolado, falha em frente a Trubin; um lance que podia ter mudado o rumo do jogo, mas como a bola não entrou, teve o condão de espicaçar os “encarnados”. Até ao fim, foi um domínio avassalador do Benfica que nem precisou de fazer uma exibição “com nota artística”, parafraseando Jorge Jesus, para construir um resultado confortável e, o mais importante, sair do Bessa com os três pontos. Destaque para o segundo golo benfiquista, um remate de longe de Kokçu, muito bem colocado. Tomé ainda se esticou, mas o toque da bola no relvado, muitos jogadores à sua frente, a força e colocação que levava, não lhe deu hipótese.
Se o Benfica venceu bem, com mérito, será justo dizer que o Boavista “ajudou” a festa dos lisboetas. Desengane-se quem pense que este “ajudar” teve alguma coisa a ver com desmotivação ou desinteresse. Não! A equipa da casa fez tudo o que podia, não se pode pedir mais, em esforço, entrega, determinação e vontade de vencer. Mas, por vezes, estes atributos não são suficientes. É preciso qualidade e quantidade. O que o Boavista não tem para defrontar adversários como o de ontem.
Cristiano Bacci, treinador “axadrezado”, nem parece latino. Nós, os latinos, adoramos queixar-nos da falta de sorte e choramos muito sobre isso. O italiano Bacci, mais uma vez, referiu na conferência de imprensa que não está ali para se queixar, mas para enfrentar e encontrar soluções. Está resigando ao facto de saber que é com aqueles jogadores que tem de ir a jogo até ao fim.
Mas não é fácil a tarefa do teinador e dos jogadores boavisteiros. Nota-se que falta qualidade e quantidade. Bacci não tem alternativas, quando pretende mudar o jogo. Como é do conhecimento público, o clube está impedido de inscrever jogadores, o que leva a que tenham de ir a jogo muitos da formação. Ontem, foram nove. E sem pôr em causa a qualidade destes jovens, falta-lhes maturidade, rotinas de jogo e estão a ser vítimas de um crescimento desportivo acelerado que neste tipo de encontros, percebe-se claramente. E quando o Benfica lamenta não ter Bah ( mas tem sempre um Tomás Araújo à espera), que dizer do Boavista sem Abascal? Exige ao técnico uma série de reajustamentos que não beneficiam em nada o desempenho da equipa.
Quanto ao Benfica, nada que surpreenda; até porque a qualidade do plantel nunca foi posta em causa no tempo do treinador alemão. Agora, Lage coloca-os no lugares certos e a equipa demonstra o seu indesmentível valor. Kokçu, Akturkoglu e Pavlidis são, de facto, atletas que fazem a diferença. A par com os “intratáveis” Aursnes e Di Maria, o clube lisboeta tem uma enorme força ofensiva.
Um triunfo justo, sem casos e tranquilidade absoluta para o árbitro João Pinheiro.
Cristiano Bacci ( Treinador do Boavista): “Não estou aqui para me queixar”.
“Vitória merecida do Benfica, mas mo primeiro lance perigoso foi nosso! Os jogos podem virar para um lado ou para o outro muito facilmente. SE tivéssemos concretizado esse lance, alguma coisa poderia ter mudado.
Sobre a equipa
“Não estou aqui para encontrar desculpas, mas paras encontrar soluções. Os nossos problemas são sempre os mesmos, não é só contra o Benfica, é contra todas as equipas. E quando falta um jogador (Abascal)…é complicado. Mas não estou aqui para desculpas, temos o que temos.
“Não posso pensar naquilo que não tenho, mas trabalhar com o que tenho. Sei que alguns jovens necessitavam de fazer um trabalho mais específico para entrarem na equipa, mas não dá, têm que ir lá para dentro e fazerem o que tem de ser feito.”
Bruno Lage (treinador do Benfica) : “Trabalhar como equipa”
“O mais importante era ganhar e jogar bem. Até ao meio da segunda parte fizemos uma exibição bem conseguida, criámos muitas oportunidades de golo. O mote para este jogo foi jogar como equipa.
Um estádio difícil, um Boavista que joga também muito bem e que dignificou a nossa vitória. Estou satisfeito com os que começaram o jogo, mas também com os que saltaram do banco para ajudar. Sente_se que somos uma equipa, competitiva e determinada a vencer o jogo.
Foi uma noite boa, mas nós queremos mais, muito mais. Queremos fazer crescer a equipa em questões técnicas, táticas e estratégicas e também físicas, porque queremos prolongar no tempo aquilo de bom que fizemos. Para atingirmos um jogo mais sustentado, mais sólido.
Os nossos adeptos que nos acompanharam de princípio ao fim, mereciam um resultado e uma exibição da equipa com a que fizemos hoie.”
Ficha do Jogo:
Boavista: Tomé, Pedro Gomes (Augusto, 81), Ibrahima (Marco, 78), Filipe Ferreira, Bruno Onyemaechi, Joel Silva, Vukotic (Tomás, 80), Sebastian Perez, Salvador Agra, João Barros (Gonçalo Miguel, 57) e Bozeník.
Suplentes: César, Namora, Machado, Augusto, Gonçalo Miguel, Alex Marques, Tomás, Leo Ferreira e Marco.
Treinador: Cristiano Bacci.
Benfica: Trubin, Tomás Araújo (Kaboré, 88), Otamendi, António Silva, Carreras, Florentino, Aursnes, Kökçü, Di María, Akturköglu (Amdouni, 71) e Pavlidis (Arthur Cabral, 88).
Suplentes: Samuel Soares, Issa Kaboré, Beste, Leandro Barreiro, Rollheiser, Prestianni, Arthur Cabral, Schjelderup e Amdouni.
Treinador: Bruno Lage.
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Ibrahima (70) e Pedro Gomes (78).
Assistência: 16.151 espetadores.
Reportagem OC: Alberto Jorge Santos e Filipe Romariz ( texto); António Proença, Vítor Lima e Tiago Proença (fotos)
Jornalista