Estiveste para ser Austerlínia, mas os familiares, ao procederem ao registo, enganaram-se e foste registada como Austiclínia. Não sei se é nome único no País, de tanta raridade, em algumas repartições públicas, até chegaram a perguntar se era nome de algum carro. Lá vinha o humor, para contornar o incómodo da situação.
Familiarmente, foste conhecida por “ika”. Para os amigos/as, de muitos pontos do País, de Norte a Sul, eras conhecida por “LINA”.
Partiste deste mundo a 16/7/24.
Foste uma Mulher de grande coração, soubeste amar e ser amada.
Soubeste ser solidária, mesmo para aqueles a quem era suposto não o ser.
Foste voluntária, mobilizando, transportando roupas e outros bens a quem deles necessitasse e nem precisavam de ser familiares, isso era o teu ser grandioso, o teu enorme coração a promover o bem, que nem todos entenderam…
Não eras do digital, mas foste uma grande “Influencer”. Mexias-te bem no meio político-sindical, do universo da CGTP-IN. Primeiro, politicamente, ao controlares dirigentes sindicais de variadas estruturas e, sobretudo, de importantes e decisivas Federações Sindicais.
Licenciaste-te em História, pela Universidade Nova de Lisboa, e vieste a ser uma grande professora. Correste uma boa parte do País, até efetivares. Na grande Lisboa, correste seca e meca, andaste pelo Alentejo, Algarve.
Na região Centro, na Secundária de Penalva do Castelo, lecionaste História, deste uma entrevista à revista “ Visão”, onde contaste as agruras da vida de professora não efetivada.
Fizeste um excelente trabalho de investigação universitária, acerca da Irmandade de Nossa Senhora da Piedade, da Freguesia de Germil, concelho de Penalva do Castelo.
Enquanto professora, foste também dirigente sindical. Eras uma mulher apaixonada pela vida e pela profissão. A Tua praia era a Educação/Formação. Arranjavas forma, com cobertura legal, de conciliares a teoria com testemunhos vivos. Convidaste importantes figuras públicas para as tuas aulas de História. Fazias o enquadramento e, depois, havia o testemunho vivo, de quem lutou pela Liberdade. Aconteceu em muitas escolas. O teu último convidado foi um ex-Conselheiro de Estado, de seu nome Domingos Abrantes.
Estivemos casados longos e bons anos. Tivemos divergências de vida, políticas e ideológicas, isso não foi impedimento para, mesmo depois de divorciados, nos encontrarmos em vários locais deste país, com regularidade.
Viajámos bastante, cada Museu, Convento, Mosteiro, local histórico que visitámos, eu sentia-me um privilegiado, pois prescindia do/a guia turístico, tinha quem contasse a história com mais detalhe.
Ambos víamos uma viagem, não como despesa, mas como investimento.
Ironia do destino, partiste no ano das Comemorações dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril.
Conhecedor do teu LEGADO, como esposa, mãe e avó, é meu dever transmitir os valores, afinal a Democracia está em construção permanente…
Bem Haja
Até à Ultreia Celeste

Técnico de Formação Profissional