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Sábado, Abril 26, 2025

A velhinha do metro de Lisboa – Por Victor Carvalho

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Há tempos, fui a Lisboa, uma das muitas viagens realizadas, esta foi diferente, na utilização do Metro da capital.

Num ápice, eu e a minha companheira de viagem, entrámos na carruagem e acondicionámos os sacos que transportávamos, ela arranjou lugar sentado. Na paragem seguinte, entrando uma idosa, eis senão quando um sorriso de uma velhinha se rasga, a minha companheira prontificou-se a disponibilizar o seu lugar.

Ela aceitou, pode por aqui um saco, e conversa puxa conversa, a senhora de considerável idade, revela-se uma conversadora.

O Metro não tinha muitos utentes, era fim de semana. Sem nos conhecermos, logo uma boa conversa, a três, surgiu, não obstante a viagem ser curta, pois teríamos de mudar na Alameda, a fim de apanhar outra linha.

Disse ter 85 anos, ficámos boquiabertos pela idade, pois aparentava estar muito bem física e psicologicamente. “Sabem, venho de trabalhar e, agora, vou para outra casa”. Retorquimos, “a senhora precisa de descanso e gozar a vida”. Ela argumentou, “sim, tenho reforma, preciso de estar ativa, não sou de ficar no sofá”. Quero que Deus me dê muitos e mais anos e saúde para continuar a trabalhar”.

Tinha um ar fresco, bem-falante. Estava muito dinâmica, enérgica e valorizava o trabalho. Nós, estávamos surpreendidos com tanta vivacidade.

“Sabem, sou transmontana, levanto-me cedo, sou de mexer, girar”. Faço quilómetros de transportes para ir limpar a casa da minha patroa, para quem trabalho há cinquenta anos”. Falava da Patroa com ar de proximidade, quiçá familiaridade. Cá para os nossos botões, pensámos que fosse um trabalho para completar a sua reforma, desengane-se o leitor, ela transparecia saúde, energia e afirmava a sua vivacidade.

Despedimo-nos, para sair na Alameda, com votos de muita saúde e naturalmente muitas felicidades.

Muitos de nós, crescemos com avós tios, vizinhos ou amigos idosos a serem úteis e capazes até ao fim da vida, muitos com 80 e mais anos. Muitos se questionam onde e o que querem os jovens?

É preciso que estes, com o seu “modus vivendi” e desafios da sua geração… e cada uma tem os seus… haja diálogo e interação intergeracional.

Cada um pode escolher, se tiver condições para isso, o modo de vida que considera mais adequado.

O que pretendo enaltecer nesta crónica, entre outros aspetos, é a alegria, a vivacidade, a empatia, a atitude pró-ativa da anciã, que nos viu com sacos e se disponibilizou a ajudar.

A Alegria, e a realização ao sentirmo-nos úteis, seja qual for a idade e a condição social e/ou económica, não paga imposto.

Velhos são os trapos.

A Cidadania não tem idade, nem latitude nem longitude.

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