Nunca é fácil começar! É com esta frase imortal, dita por alguém que não me lembro, que dou início a esta crónica (ou artigo de opinião). Tenho plena noção que, sendo uma estreia, é preciso criar impacto e captar a atenção do leitor que, num gesto de plena coragem, opte por ler o que escrevi.
Este momento de partilha (entre escritor e leitor) tem sido repetido durante os últimos dez anos e, com muito orgulho, posso afirmar que tenho uma comunidade de leitores tão vasta, que cabem todos numa viatura ligeira de passageiros! São eles que me impelem para continuar e não me deixam desistir! É preciso continuar e seguir em frente, dizem-me. Para onde, não faço ideia. Singrar no mundo cultural, em divisões amadoras, é bastante problemático. Há mais probabilidades de vencer a lotaria que abandonar o anonimato (sem padrinhos, cunhas ou fortuna apelativa).
Tal como os futebolistas amadores de sábado à tarde – que sabem que nunca terão o Jorge Mendes na bancada – um escritor desconhecido apenas tem a divina persistência como aliado. Mesmo que, com o passar do tempo, esmoreça e comece a perder pujança. Porém, é seguir em frente. E, esperando não chocar com uma parede, eu vou….
Uma década a dar forte nos relatos sarcásticos da nossa sociedade. Pequenos retratos ilustradores da nossa triste e sentida Portugalidade. Tal como Eça de Queiroz (que mesmo depois de morto não tem sossego e vai para a capital, onde o espaço por metro quadrado é impossível de pagar), tenho a esperança de melhorar alguns costumes e más práticas da nossa cultura.
Tenho a plena convicção de que não somos maldosos, mas apenas desenrascados e nada organizados. Fomos educados a acreditar em vigaristas (começou logo após o 25 de Abril!) e continuamos, tal como o povo da Judeia, a escolher o Barrabás enquanto prendemos Jesus.
Sinto isso quando observo o panorama literário nacional e as escolhas que se fazem. Há escritores que não sabem o que é predicado, mas conseguem despachar os seus livros como pãezinhos quentes. A mim, e a muitos que já desistiram, resta a indignação pessoal de não ter a mesma sorte. Entretanto, para quem ainda está a ler, é isto que tenho para oferecer e se não voltarem a ver o meu nome na coluna de opinião, é porque o director viu a asneira que fez ao endereçar-me o convite para estar aqui.
Maquinista na Metro do Porto