Bernardo Silva, Bruno Fernandes e um golo na própria baliza fizeram o resultado da partida de hoje à tarde, frente à Turquia.
Depois de um triunfo suado com à Chéquia, amontoavam-se “velhos medos” por parte de quem comenta o Euro2024. Essencialmente porque a “equipa turca era melhor do que a checa e o Roberto Martínez tinha acordado disposto a inventar”.
E é verdade. A Turquia é melhor do que a Chéquia. Enquanto esta jogo em “bloco baixo” e, frente a Portugal, entende que “o empate já é bom”, a Turquia, não. Joga “olhos nos olhos” com o adversário e sempre para ganhar. É o suficiente para abrir os espaços de que Portugal tanto gosta.
Com alguns dos melhores jogadores europeus, experientes e que jogam em equipas de topo, o conjunto português, se tiver espaço para jogar, para ter a bola, dificilmente é batido.
Assim aconteceu hoje. Qualidade individual, coletivo forte e tranquilidade, de início a fim, não permitiu à Turquia ter bola. E quando esta subia no terreno, sobrava o espaço que os jogadores portugueses souberam tão bem aproveitar.
Um triunfo justo; ao fim de dois jogos, o primeiro lugar do grupo “já cá canta”. E permite a Martínez fazer experiências nos jogo frente à Geórgia, dando oportunidade de jogar aos que ainda não o fizeram, ao mesmo tempo que os outros podem descansar.
Nos “oitavos de final”, Portugal defrontará um dos terceiros classificados. Podem ter de medir forças com seleções como Escócia, Hungria, Bélgica, Eslováquia, Ucrânia, Áustria ou Dinamarca. A vantagem de ter ficado em primeiro do grupo é este mesmo, defrontar um “terceiro”. Mas o futebol não é ciência exata e todas as cautelas são sempre poucas. Seja frente a quem for.
Cristiano Ronaldo e Pepe
Dois jogadores que merecem ser destacados: Cristiano e Pepe.
Quanto ao primeiro, já pouca coisa há a dizer quanto à qualidade e classe futebolística. Numa primeira fase, era o elemento que decidia muitos jogos e toda a equipa jogava para ele. Se assim continuasse neste Euro 2024, poderia ser negativo e penalizante para o grupo. Mas Cristiano Ronaldo passou a “jogar para a equipa” e, noutra função, continua a ser indispensável. O terceiro golo português frente à Turquia é a prova. Se continuasse embrenhado em quebrar recordes, em pensar em si, se calhar falhava o lance. Teve a serenidade e inteligência de construir e passar para quem estava em melhores condições de marcar – neste caso, Brunio Fernandes. Esta maturidade de CR7 pode ser, neste Europeu, de grande importância. Até porque, além do lance apresentado, tem havido outros bem reveladores de que Cristiano joga “para a equipa”.
E Pepe? Muito difícil definir este senhor, com 41 anos e que ainda é dos melhores “centrais” que temos visto no torneio.
Poderá não ter a velocidade que tinha aos 28. Poderá demorar mais a recuperar de jogo para jogo. Mas a experiência leva a que saiba posicionar-se de tal forma, que chega primeiro à bola do que jovens avançados com 20 anos. Ninguém sabe qual o futuro do jogador, apenas que não vai continuar no FC Porto. Mas quem o vê neste Europeu, só pode achar que Pepe está a enganar-nos a todos com a idade e que , em vez de 41, tem 30. E ainda um longo futuro pela frente.
Hoje destacámos Pepe e Cristiano. Estão na forma ideal e mental para um jogo de equipa como é o futebol, onde pouco importa quem marca, importa é marcar. E ganhar.
A exibição do selecionado de Martínez faz sonhar os portugueses. E podem fazê-lo à vontade. Mas a tranquilidade do treinador, não deixa que o sonho dos jogadores ( também legítimo), lhes tire a objetividade e o foco. Parabéns, Portugal! Em frente!
Jornalista