A instalação do Parque Eólico de Arcos de Valdevez, promovido pela empresa Madoqua IPP, está a suscitar críticas por parte de organizações ambientais, nomeadamente da FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, que alerta para os impactos negativos irreversíveis em ecossistemas e património natural da região.

O projeto prevê a instalação de 32 aerogeradores, com torres de 112 metros de altura e rotores de 175 metros de diâmetro, em plena zona agroflorestal. Estes equipamentos produzirão níveis sonoros entre 92 e 106,9 dB(A), comparáveis a um espetáculo de rock. A zona de intervenção localiza-se em redor da Paisagem Cultural de Sistelo, Monumento Nacional, e interfere com a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês/Xurés, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a ZEC Peneda-Gerês e outras áreas de elevado valor ecológico e turístico.
A FAPAS sublinha ainda que o projeto implicaria a abertura de estradões de acesso, o que facilitaria a circulação numa área até agora isolada, ameaçando espécies como o lobo ibérico e aves protegidas. Além disso, a área da linha elétrica associada ao projeto atravessa 13 concelhos e totaliza uma extensão que ultrapassa a do próprio Parque Nacional da Peneda-Gerês. Segundo a associação ambientalista:
“A referida ‘Proposta de Definição de Âmbito do EIA’, tecnicamente muito bem elaborada, contém em si as razões (impactos negativos) pelas quais o projeto do Parque Eólico de Arcos de Valdevez não deve ser aprovado, até pelos efeitos cumulativos com outros parques eólicos e parques fotovoltaicos já existentes na região.”
“Não serão uns quantos milhares de euros pagos pelo aluguer dos terrenos durante 30 anos que justificam, numa perspetiva coletiva, regional e nacional, o licenciamento deste projeto.”
A “Proposta de Definição de Âmbito do EIA” está em discussão pública até 16 de maio no portal Participa.pt. A FAPAS adianta que o seu parecer ao futuro EIA será negativo.
OC/RCP
