Saudade é o eco de um silêncio que grita. É uma ausência tão cheia que pesa no peito, desenhando sombras onde antes havia luz. É um vento que sopra por entre as frestas da memória, carregando o perfume de tempos que já não voltam.
Ela não avisa quando chega, instala-se discreta, entre um suspiro e outro. E, como uma velha amiga, conversa baixinho sobre tudo o que foi, tudo o que ficou. Tem o gosto agridoce das palavras não ditas, o toque das mãos que se perderam no tempo, o som de risos que agora vivem apenas na lembrança.
Saudade é presença disfarçada de ausência. É uma ponte invisível que nos leva de volta a lugares, momentos e pessoas que habitam o coração. Mas é também uma chama que aquece, lembrando que o que foi vivido nunca se perde completamente; transforma-se em poesia interna, em vestígio eterno.
Sentir saudade é abraçar o imaterial, é reviver o que não se pode tocar. E, embora doa, há beleza na dor. Porque só sente saudade quem amou, quem viveu, quem foi marcado pelas delicadas impressões do tempo.

Poetisa