JP Coimbra (João Pedro Coimbra) é um multi-instrumentista premiado e compositor orientado para vários géneros musicais. Iniciou o seu percurso musical como percussionista e baterista, estudou jazz, polirritmos africanos e repertório clássico.

No final dos seus vinte anos, após extensas digressões com artistas portugueses de renome, sentiu a necessidade de compor a sua própria música. Utilizando um sequenciador e um sampler, misturou diversas influências musicais com resultados deveras impressionantes. O seu primeiro projeto, MESA onde estreou o álbum com o seu homónimo
(MESA, 2003) repercutiu-se na cena musical portuguesa, fundindo um experimentalismo complexo com a forma musical e o toque atmosférico do som de Bristol. O álbum ganhou vários prémios e foi nomeado um dos melhores lançamentos europeus de 2004 por Emanuel Legrand, da Billboard, ao lado de Kraftwerk e Franz Ferdinand.
Ao longo de seis álbuns, MESA desafiou a categorização, equilibrando a acessibilidade pop com a experimentação subversiva e consolidando a reputação de Coimbra como compositor para cinema, televisão e teatro, bem como produtor, diretor musical e multi-instrumentista. Contou com a voz de Mónica Ferraz, uma mais valia para a banda. JP Coimbra voltou-se para a música enraizada no gesto e no espaço. Esse impulso culminou em VIBRA (2020), um ambicioso projeto a solo gravado em locais ressonantes e sem tratamento acústico — estações de metro, edifícios e até mesmo um subterrâneo. Este novo disco a solo “Revealing”, expandiu o universo sonoro iniciado com VIBRA, o seu álbum de estreia a solo, lançado no final de 2020 e reeditado internacionalmente pela Cognitive Shift, a editora de Manners McDade (Faber & Faber), que representa artistas como Kaitlyn Aurelia Smith, Nils Frahm e Matthew Herbert, que remixaram From Afar.
JP é também investigador de doutoramento, desenvolvendo um controlador gestual eletromiográfico que utiliza os sinais elétricos do corpo para permitir a performance, composição e áudio espacial em tempo real.
Tito Couto (TC) – Qual a relação entre o humano e a tecnologia?
JP – Este disco é fruto da pandemia. Lembro-me de passear pelas ruas do Porto, completamente vazias…Um trabalho de recolhimento obrigatório! Podemos ouvir temas como: Les Enfants, From After, Invincible e Lost in The Moments, entre outros…
TC- O analógico e o digital é uma batalha ou uma simbiose?
JP – É uma simbiose. Escrevo entre a clássica contemporânea e as canções POP. Assumi a voz e entreguei a produção a um produtor com largas provas dadas internacionalmente. Leo Abrahams – produtor, músico e colaborador de longa data de Brian Eno, Jon Hopkins e Anohni.
TC – Achas que a música fica favorecida com a IA?
JP- A IA permite-nos chegar mais longe, naquele que é o nosso pensamento. Hoje a música é também visual, é uma forma de sobrevalorizar o áudio.
TC- Na tua apresentação na Casa da Música tocaste dez temas, mas o disco só tem oito faixas…
JP – A composição é o meu alimento, a razão que me faz viver. Quando estou inspirado, a inspiração faz-me voar para locais desconhecidos, onde eu vou buscar esse “alimento” para a alma!






