O MNAA encerra ao público a partir de hoje, para obras no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sem data exata de reabertura, mas que a direção prevê para o segundo semestre de 2026.
Depois de uma semana de entradas gratuitas antes do encerramento, o museu dinamizou este domingo, último dia de funcionamento antes das obras, um programa especial de atividades para crianças e famílias, de entrada livre, com visitas orientadas, jogos e momentos musicais.

Durante as obras do PRR, serão executadas intervenções em três zonas do edifício do MNAA: a renovação e a requalificação do telhado e das fachadas do edifício e, no piso 2, dedicado às coleções de ourivesaria, joalharia, cerâmica e artes da expansão, serão atualizados os equipamentos museográficos, assim como do respetivo discurso expositivo.
As obras do MNAA deveriam ter começado há cerca de um ano, “o que não chegou a acontecer”, lembrou esta semana a nova diretora do museu, Maria de Jesus Monge, em entrevista à agência Lusa.

A Galeria de Arte Europeia terá a sinalética e a museografia atualizadas e reformuladas, continuando ao mesmo tempo a campanha de conservação e restauro da Capela das Albertas, parte do edifício do museu.
Relativamente à reabertura, também ela “está condicionada pelo calendário deste processo de intervenção” das obras do plano, segundo a diretora, referindo-se à data limite indicativa de 30 de junho de 2026.
Durante as obras, as equipas do museu vão continuar a trabalhar, porque “estarão reunidas as condições de segurança e conservação” para prosseguir restauros de obras, nomeadamente dos Painéis de São Vicente, obra icónica de pintura de Nuno Gonçalves com mais de 500 anos, retrato coletivo simbólico da História e cultura portuguesas da época.

Os painéis são alvo de restauro desde 2020, no âmbito de um projeto internacional com o apoio da Fundação Millennium BCP, e Maria de Jesus Monge está convicta de que estará concluído na altura da reabertura do museu.
As obras do PRR no MNAA serão feitas sob a alçada da Associação de Turismo de Lisboa e do Património Cultural – Instituto Público (PC-IP), entidade responsável pelo acompanhamento e aplicação física e financeira do plano no setor.

No começo do ano, o MNAA tinha anunciado para março o encerramento da Galeria de Pintura Europeia para obras no quadro do PRR, mantendo disponíveis ao público todas as outras salas expositivas, dedicadas a artes decorativas, presépios, mobiliário, joalharia, têxteis, cerâmica e pintura e escultura portuguesas desde a Idade Média até ao século XIX.
Já no ano passado, em junho, o anterior diretor do MNAA, Joaquim Caetano, tinha apontado para o mês seguinte o começo das obras no sistema de ar condicionado e, em seguida, nas fachadas e telhado.

De acordo com a informação mais recente do portal Mais Transparência, no âmbito do PRR foi atribuído um financiamento de 6,57 milhões de euros para intervenções no MNAA, dos quais já foram pagos 1,32 milhões, tendo como prazo de conclusão 30 de junho de 2026.
Criado em 1884, o MNAA reúne atualmente um acervo de cerca de 40 mil peças, albergando a mais relevante coleção pública do país em pintura, escultura, artes decorativas — portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, assim como a maior coleção de mobiliário português.
No acervo encontram-se, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, nomeadamente, os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV.
OC/MP

Jornalista free-lancer