
O Estoril tinha (e mantém) 13 pontos no início da partida. Pelo que é justo perguntar, por onde tem andado esta equipa? Ian Cathro, técnico “canarinho” afirmou na conferência de imprensa que estava curioso para saber o que ia ser dito do futebol praticado pela sua equipa. Se iriam argumentar com um possível cansaço do FC Porto. Pois, senhor Cathro, independentemente do desgaste portista, a sua equipa jogou muito bem! Faltou eficácia, de resto, estiveram muito bem no jogo. Daí a pergunta inicial. Por onde tem andado esta equipa? Surgiu hoje, Será para continuar? “Sim“, disse o mister, “trabalhamos sempre assim.”

Begraoui quase marca
Farioli promoveu três alterações. Rosário jogou no lugar de Varela, Mora no de Gabri Veiga e William em vez de Pepê. Nada que surpreenda. O que surpreendeu, de facto, foi a forma como o Estoril apreceu a jogar. Pressão alta, intensidade, velocidade e forte “tração” à frente, colocando imensas dificuldades ao FC Porto, com bola ou sem ela.

E logo aos 5 minutos, Begraoui teve a baliza portista à sua mercê, mas errou o alvo. Na resposta, William Gomes aproveitou um erro da defesa forasteira e fez o golo. O único da partida. Aos 7 minutos.
A partir daqui, o Estoril passou a dominar, a jogar melhor e a obrigar os portistas a errar. E se erraram! Quem acompanha os jogos no Estádio do Dragão só viu, esta época, uma equipa a jogar, claramente, “olhos nos olhos” com o FC Porto. Foi o Braga. Já considerado o quarto grande.

Mas o Estoril jogou melhor do que o Braga. Também teve oportunidades para marcar, mas nesse capítulo, falhou. Se assim não fosse, mais dificil seria a tarefa do FC Porto.
Os passes errados e a dificuldade de construção não foi demérito portista, mas mérito do Estoril. Que merecia o empate.

A segunda parte não teve tão boa qualidade e até foi o FC Porto a dispor das melhores oportunidades – Samu, Froholdt e Kiwior “cheiraram o golo”.
A partir dos 15 minutos da segunda parte, o FC Porto voltou a ter de gerir o resultado mínimo, já que a equipa do Estoril voltava a estar por cima no jogo.
Ao minuto 90, Ferro, do Estoril, esteve muito próximo de empatar, não fosse o corte providencial de Bednarek.
Há muito que as bancadas do Dragão não sofriam tanto e por tanto tempo. “Este” Estoril não é, seguramente, o dos 13 pontos! O que fez na noite de hoje justificava claramente outra posição na tabela classificativa.

O FC Porto venceu, num jogo difícil e muito importante, pois mantém a vantagem de 3 pontos sobre o Sporting na “véspera” de um Benfica- Sporting.
De Jong terminou o jogo com queixas físicas, o que complica o trabalho de Farioli, uma vez que tem o outro atacante lesionado – Gul.
Declarações
Francesco Farioli ( Treinador do FC Porto): “Parabéns ao Estoril pela performance.”

“É verdade, o Estoril foi uma das melhorres equipas que veio jogar aqui, tanto mentalmente como taticamente, mas faz parte da caminhada. Tivemos muitas oportunidades para capitalizar, mas o jogo foi exigente, tal como esperávamos. É um resultado positivo para voltarmos a estar na frente.”
“Sabemos que eles são uma equipa que muda muito de jogo para jogo, não só pelo estilo tático, como pela qualidade técnica dos seus jogadores. São muito rápidos e sabem jogar bem, causam muitos problemas, principalmente com a nossa equipa a estar menos bem, depois de um jogo muito bom da nossa parte na quinta-feira. Tivemos algumas dificuldades na primeira parte, mas na segunda conseguimos gerir muito melhor o traballho com e sem bola. Preparámos um jogo com sete versões do Estoril e eles vieram com uma oitava, portanto, minutos depois do jogo começar, tentámos reajustar, mas, como disse, parabéns ao Estoril pela performance, e para nós, que foi uma vitória importante.”
Ian Cathro (Treinador do Estoril): “Não quero ver notícias a falar do cansaço do adversário.”

“Não sabemos fazer outra coisa [que não jogar olhos nos olhos]. A minha escolha de vir para Portugal e trabalhar aqui era a de fazer algo diferente. E foi ‘não vamos jogar com medo’. Infelizmente temos pontos que não refletem a qualidade que temos, mas acho que hoje foi muito importante para que a malta no estúdio, e para quem escreve as coisas, que não falem… Estou à espera de muitas palavras sobre o jogo [do FC Porto] de quinta-feira, jogadores cansados, que isso talvez tenha permitido ao Estoril ter bola, até porque jogam mais ou menos bem. Espero que não seja assim. Nunca vou falar em justiça em função do resultado. A vida não é justa, eu sei. Mas tem de haver justiça na análise da qualidade do jogo e do trabalho dos jogadores. E espero que haja justiça nestas análises”
“Como disse antes do jogo: a minha responsabilidade aqui é tentar melhorar sempre. Vamos enfrentar outros adversários diferentes, com rotinas diferentes. Talvez tenhamos tentado jogar como um grande, mas não somos grandes. Não temos esses recursos. O que temos é muita humildade, muito trabalho durante a semana e capacidade para ajustar. E tirar o máximo do plantel e dos jogadores. É preciso ter um treinador com a capacidade de ser versátil para tirar o máximo dos jogadores.”
“Saio muito curioso para ver como é que as pessoas falam deste jogo. E sinceramente não quero ver notícias a falar do cansaço da equipa adversária, que permitiu ao Estoril crescer e fazer um jogo mais ou menos. Quero ler sobre a qualidade do nosso jogo e dos nossos jogadores.”
Sobre a confusão no final, explicou
” Queria mesmo dizer ao mister Farioli que fiquei mesmo impressionado com o trabalho dele. Não é nada fácil chegar aqui. Ele tem feito bons trabalhos antes e aqui está a fazer um trabalho excelente. Isso ficou óbvio. Mas quando lhe queria passar à frente, acho que ele sentiu que eu lhe tinha dado um empurrão. E depois começaram as discussões e não gosto quando me tocam na cara. É uma coisa mais latina. Do outro lado, havia outras pessoas, e tenho alguns problemas com essas pessoas. Queriam intimidar-me e acho que fizeram um grande erro. Talvez não saibam que isso é impossível.”
Ficha
Estádio do Dragão, no Porto.
FC Porto – Estoril Praia, 1-0.
Ao intervalo: 1-0.
Marcador:
1-0, William Gomes, 7 minutos.
FC Porto: Diogo Costa, Alberto Costa (Martim Fernandes, 56), Jakub Kiwior, Jan Bednarek, Francisco Moura (Zaidou, 46), Pablo Rosario, Victor Froholdt, Rodrigo Mora (Gabri Veiga, 59), William Gomes, Samu (Luuk de Jong, 68) e Borja Sainz (Stephen Eustáquio, 82).
Suplentes: Cláudio Ramos, Stephen Eustáquio, Gabri Veiga, Pepê, Zaidu, Dominik Prpic, Luuk de Jong, Ángel Alarcón, Martim Fernandes.
Treinador: Francesco Farioli.
Estoril Praia: Joel Robles, Kévin Boma, Felix Bacher, Pedro Amaral (Gonçalo Costa, 56) Ricard Sánchez (Pedro Carvalho, 56), Jordan Holsgrove, Jandro Orellana (Ferro, 67), João Carvalho, Rafik Guitane, Yanis Begraoui e André Lacximicant (Alejandro Marqués, 75).
Suplentes: Martin Turk, Ferro, Alejandro Marqués, Gonçalo Costa, Pizzi, Pedro Carvalho, Patrick de Paula, Tiago Parente e Tiago Brito.
Treinador: Ian Cathro.
Árbitro: André Narciso (AF Setúbal).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Jordan Holsgrove (12), Ian Cathro (35), Ricard Sánchez (38), Francisco Moura (42), Joel Robles (54).
Assistência: 45.092 espetadores.
Campeões do Mundo de sub 17 foram homenageados
A Direção do FC Porto aproveitou o intervalo para homenagear os cinco jogadores da equipa portista que fizeram parte da seleção de sub 17, e que recentemente venceu o Campeonato do Mundo.
Assim, Chelmik, Jon Pereira, Bernardo Lima, Mateus Mide e Duarte Cunha sentiram, pela primeira vez, o aplauso do Estádio do Dragão com 45 mil espetadores.

Reportagem OC: Alberto Jorge Santos (Texto) e António Proença (Fotos)
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