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Domingo, Junho 15, 2025

Lições de História em andamento – Por Victor Carvalho

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Enquadrado nas Comemorações do 66º aniversário da Fundação Rotária Portuguesa, tive o prazer de ver e ouvir no passado Domingo, dia 6 de abril, o Prof João Jorge Araújo que, com elevado saber, detalhe, empatia e profissionalismo, brindou os presentes na visita guiada ao Castelo, espaços exteriores ao Paço dos Duques e demais ruas e locais do Centro histórico de Guimarães.

Entre outros aspetos, destaco o Castelo da Fundação ou de S. Mamede edificado sobre as rochas do Monte Latito com a sua forma de escudo para defesa da antiga vila de Araduca, a igreja de S. Miguel, ali mesmo ao pé, local onde foi, segundo a tradição, batizado o nosso primeiro Rei de Portugal – D. Afonso Henriques.

O Extraordinário foi o aproveitamento político que o Estado Novo (leia-se Salazarismo), fez ao colocar lá uma pia batismal, que nunca tinha existido, e a placa que assinala o Batismo do Rei.

O Paço dos Duques de Bragança, mandado construir para residência do primeiro Duque de Bragança, D. Afonso, filho natural de D. João I, nunca chegou a ser habitado, tendo tido ao longo da sua existência, várias utilizações. Desde armazéns até sede da cavalaria 10.

Nos anos 40 do século passado foi recuperado e abrindo ao público como museu.

Este Paço, é residência oficial do Presidente da República nas suas visitas ao Norte de Portugal.

Mário Soares utilizou-o nas suas “Presidências abertas” e foi o último Presidente a dormir lá.

Descendo para a vila da Oliveira passámos pelo largo Martins Sarmento ou do Carmo, em frente ao Convento das Carmelitas Descalças, hoje Lar de Santa Estefânia. Nesse largo existia uma fonte renascentista que durante muitos anos ocupou o centro do jardim.

Em 2012, no âmbito da Capital Europeia da Cultura, essa fonte foi mudada para o Toural, local para o qual tinha sido feita. Em sua substituição foi colocada uma fonte moderna com o diâmetro e um repuxo com as medidas da original, que causou bastante controvérsia.

Continuámos a descer a Rua de Santa Maria que liga o poder religioso ao poder político já que vem da Igreja até ao Castelo.

Parámos no largo Cónego José Maria Gomes, onde de um lado temos uma bonita casa senhorial, a Biblioteca Raúl Brandão, ilustre escritor Vimaranense e, do outro lado, o Edifício da Câmara, no antigo Convento de Santa Clara.

Na Praça de Santiago apreciámos as fachadas típicas da habitação Vimaranense em frente aos arcos góticos dos antigos paços do Concelho e vimos no chão a inscrição inicial do foral de Guimarães e o desenho da antiga capela que lhe dá o nome.

Prosseguindo a caminhada fomos até ao Largo da Misericórdia onde está a escultura do grande escultor e ceramista Português João Cutileiro com os símbolos da Nacionalidade, a Igreja neo  renascentista da Misericórdia e o edifício do Tribunal da Relação, com as suas ditas 17 portas e 88 janelas (não as contei), que foi construído para residência do Arcebispo de Braga que não se sentiu bem recebido em Braga ( D. José de Bragança, que era filho bastardo de D. Pedro II) e resolveu mudar-se para Guimarães.

Nunca chegou a habitar no Palácio que doou a uma família nobre “os Couto” que a habitaram até ao século XX e depois de uns tempos abandonado, foi reconvertido no Tribunal da Relação de Guimarães que é hoje.

Continuando o magnífico passeio, atravessámos o Largo do Toural com a bonita fachada Pombalina de um lado e a Basílica de S. Pedro do outro e apreciámos a bela fonte renascentista trazida do jardim do Carmo, e parámos a apreciar e contemplar o monumento “Aqui Nasceu Portugal”. Subimos à torre da Alfandega, uma das torres da antiga muralha da cidade, onde apreciámos a bonita praça do Toural.

De seguida, percorremos a rua Egas Moniz ou rua Nova (mais larga e arejada depois da requalificação dos séculos XVI e XVII), até chegarmos à praça da Oliveira, onde se destacam a Igreja de Santa Maria, chamada da Oliveira, após o milagre ocorrido no século XIV, o padrão do Salado com o seu bonito crucifixo oferecido por um Vimaranense que enriqueceu em Lisboa e a fachada principal dos antigos paços do concelho onde está a

ESTATUETA com 2 CARAS, porque os Vimaranenses, durante a conquista de Ceuta, dividiram o seu exército em dois “2 caras”, ocupando o seu lugar e o de Barcelos. Desde aí, durante séculos, os senhores de Barcelos vinham uma vez por ano, com um barrete vermelho e um pé descalço varrer as ruas de Guimarães.

Os Rotários, apreciaram o elevado desempenho do Professor João Jorge Araújo e sentiram-se maravilhados com as suas explicações sempre que era questionado. Uma manhã muito bem passada e que recomendo vivamente. Os meus agradecimentos pessoais ao estimado Professor. Despedimo-nos, fomos almoçar e ao nosso trabalho rotário.

A história não é uma ciência exata. Surgindo novos factos, poderá ser alterada. Claro que o poder político local e/ou nacional, aqui ou em qualquer parte do mundo pode fazer alterações.

Assim, em determinado período, há inverdades, mentiras históricas …

Por esse mundo fora, já vimos cair estátuas, monumentos ligados às personalidades mais emblemáticas dos respetivos países.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades… Neste mundo tão volátil, haja quem transmita factos históricos com rigor e precisão.

Sendo deveras importante conhecer a história de quaisquer países porque o passado é também um legado, a história está também em permanente construção…

Saiba o leitor/a que com tantas e boas lições de história em andamento, senti necessidade de nova conversa, não fosse ter percebido menos bem algum dos aspetos mencionados. Tinha duas vias, pesquisando na internet, ou estar de novo com o Professor João Jorge Araújo, foi o que fiz, privilegiei o fator humano, aprendi ainda mais histórias, que por razões de espaço já não cabem aqui. Quem sabe, qualquer dia surgem mais conversas com história.

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