Ontem, em toda a zona das Antas, mais concretamente nas imediações do Estádio do Dragão, vivia-se o ambiente dos dias de jogo. De jogo sénior masculino, claro, pois a “formação” não joga por estas bandas.Os mais distraídos ou os que não ligam nada às coisas da bola, estavam surpeendido com o movimento de pessoas e autómeis logo a partir das 9:00 da manhã. E nas portas do estádio, ainda fechadas, formavam-se filas imensas de pessoas para assitir ao jogo de futebol feminino entre o FC Porto e a U. Leria; marcava a apresentação aos portistas da sua equipa que vai disputar a 3ª divisão da modalidade.
E rapidamente verificámos que a afluência ia ser enorme. O estádio ia enchendo. E quando a partida começou, estavam lá dentro 31093 pessoas. O maior numero até agora registado em jogos de futebol feminino em Portugal.
O adeptos e sócios do FC Porto demostravam , assim, que o futebol feminino era muito desejado no clube. Até porque os principais emblemas portugueses já o têm há várias temporadas e com títulos internacionais conquistados. Faltava o FC Porto.
Entrar a ganhar
Os jogos são como os melões, só depois de abertos é que sabemos da sua qualidade. , Ainda as equipas estavam a adaptar-se ao relvado, já Matilde Vaz, do FC Porto, inaugurava o marcado. Ou seja, antes de abrir o dito melão, já se percebia que era bom.
Matilde Vaz, que já representou o Grijó, Rio Tinto e Valadares Gaia e disputou 6 jogos pelas seleções jovens de Portugal, à passagem do segundo minuto, marcava e fazia história no Dragão.
Durante a primeira parte, o domínio portista foi inquestionável. Ao intervalo, o “placard” assinalava 5-0. E não há muito a dizer, sob os pontos de vista técnico e tático quando um resulado toma este volume. Mais forte em todos os setores do campo, com um futebol apoiado, rápido, a aproveitar os flancos, o FC Porto jogava bem e enfeitava a exibição com golos de belo efeito. E a guarda-redes adversária ainda respondia com duas boas defesas. A U. Leiria, apesar de sentir a superioridade adversária, procurava jogar, chegar ao último terço do campo para criar perigo. E fê-lo por duas ou três vezes na primeira parte, mas sem sucesso.
Se nos primeiros 45 minutos, o FC Porto mostrara ser muito melhor equipa, na segunda, o domínio foi avassalador. A equipa de Leiria não incomodou nenhuma vez a(s) guarda-redes azuis – e-brancas. Foi um sufoco. Nem parecia que as duas equipas vão jogar a mesma divisão, tal a superioridade técnica, tática e física das altetas do FC Porto.
Mas as leirienses sabiam o que tinham de fazer em campo, notava-se uma ideia de jogo. Mas não eram capazes de o executar. Tentavam sair com bola dominada e, quando o conseguiam, encontravam no meio campo portista um muro que as fazia recuar e remeter-se à defesa para que o resultado não fosse ainda mais volumoso. Chegou aos 9-0, mas podia ter sido dilatado, um vez que nos últimos instantes, o FC Porto falhou três lances flagrantes de golo.
Para a história, fica a estreia portista e leiriense, o resultado e a quantidade de espetadores presentes.
Ficha de Jogo
Árbitro: Ana Afonso
FC Porto: Bárbara Marques; Ema, Karoline, Joana Ferreira e Bruna Rosa; Matilde Vaz, Catarina Pereira e Inês Oliveira; Adriana Semedo, Joana Neves e Verónica Khudayova.
Jogaram ainda : Sofia Bernardo (gr), Margarida (gr), Mariana Queirós, Carolina Aroso (Carocha), Marta Rodrigues, Lara, Ana Beatriz, Inês Valente, Renata, Carolina Pinto e Cláudia Lima.
Treinador: Daniel Chaves
U.Leiria: Vânia; Besatriz Lopes, Ana Martins, Sara Vieira e Isabel Cravo; JUliana, Luciana Garcia e Joana Pires; Catarina Sousa, Laura Rosa e Rita Gabriel.
Jogaram ainda: Ariana (gr), Cristiana, Ana Machado, Constança Marques, Laura Silva, Kelly, Raquel Tomás, Matilde Neves e Mariana Parracho.
Treinadora: Beatriz Cavaco
Ao intervalo: 5-0
Final: 9-0
A marcha do marcador:
1-0 Matilde Vaz, 2′
2-0 Verónica Khudayova, 15′
3-0 Catarina Pereira (gp) 30′
4-0 Inês Oliveira 36′
5-0 Verónica Khudayova 43′
6-0 Renata 49′
7-0 Lara 60′
8-0 carolina Brito 87′
9-0 Carocha 89′
A voz dos técnicos:
Beatriz Cavaco (U.Leiria) : “Algumas dificuldades”
“É uma emoção muito grande olhjar para uma plateia de 30 mil pessoas a assistir ao futebol. Acho que o futebol feminino já merecia este reconheciemnto. Jogar num estádio como este, de um dos mais importantes clubes de Portugal é uma oportunidade rara. Claro que as pernas tremeram ao entrar em campo. Jogamos com público a assistir, mas nunca assim. A equipa sentiu algumas dificuldades. Não é fácil a uma equipa do centro do país contratar jogadoras e tivemos a falta de algumas que estão a representar Portugal no futebol de praia. Valeu pela excelente promoção que foi feita o futebol feminino.”
Daniel Chaves ( FC Porto) : “Fizemos história”
“É um momento único, histórico, a vitória no jogo de hoje foi o número de adeptos que conseguimos trazer ao Dragão. O apoio tem sido grande, tenho sentido ao longo da semana. Mas se me perguntassem se estava à espera do número de hoje, não estava. É bom entrar no Dragão e sentir que estão cá para apoiar o feminino que é muito importante e está numa fase de início; a força dos adeptos vai alavancar e muito o crescimento do departamento dentro do clube. No início, sabíamos, elas sabiam, que as pernas iam tremer ao sentir o estádio cheio, mas depois, o barulho à volta ia desaparecer e elas podiam desfrutar do jogo. Foi muito por aí, acabaram por desfrutar, divertir-se, as coisas iam correndo bem, o que dava mais motivação para fazer o que tinha sido programado. As principais dificuldades tem sido a criação do espírito de grupo, uma vez que as atletas vêm de equipa diferentes e é necessário criar um espírito diferente. O grupo está a ser criado e a identidade também. Relativamente à época, estou satisfeito com todas, com a forma como têm trabalhado e queremos é que inicie a competição.”
Cláudia Lima – “Ansiosas por começar”
Estou sem palavras. Somos e temos os melhores adeptos do mundo. É um sentimento inexplicável; já estou habituada, já tive adeptos e muitos adeptos no estádio, mas nunca como isto. É um sentimento incrível. Quanto ao campeonato, estamos ansiosas que comece, estamos a trabalhar muito bem. Só queremos que comece.
Reportagem de Alberto Jorge Santos (texto) e Vítor Lima (fotos)
Jornalista