O papel de uma canção, é, ou deveria ser, através da sua simplicidade, conseguir atingir o público! Quando ela começa a fazer parte do todo, aí, ela deixa de ser de quem a escreveu e passa a ser de todos nós! Há uns anos, vi uma reportagem sobre um grande compositor e cantor da nossa praça – José Cid, e fiquei admirado, pois não havia ninguém que não soubesse trautear um canção do Zé! José Afonso, compunha as dezenas de canções que tanto nos inspiraram, apenas com o assobio e, mais tarde, um músico haveria de colocar no papel (partitura).
Ivan continuava a incitar à conversa, à descoberta da banda. De forma simplificada foi-nos dado a conhecer o seu percurso que começou em 2013. Dois irmãos mexicanos, Sebastián e Mateo, naturalizados brasileiros, vindos da cidade de Campinas (São Paulo), foram indicados ao “Grammy Latino”, com a canção “Triste, Louca ou Má”. O facto de cantarem em português, espanhol e inglês, auto definiram-se como um grupo “Pachanga Folk” mas há quem os defina também, como “Batuka Freak Tropikarlos”, devido à influência claríssima da música latina.

É um grupo de rua, com digressões improvisadas e auto financiadas, recuperando experiências nas ruas, festas de aniversário, praças, etc…
O nome da banda, surge e é inspirado, numa figura do folclore colombiano. Um músico conhecido por por tocar pelas ruas, o seu acordeão.
Realizaram um espetáculo em Mendonza na Argentina, sofreram um assalto e perderam os instrumentos e documentos pessoais. Com uma forte campanha online e com o apoio da população local e amigos, conseguiram finalmente voltar ao Brasil.
No dia 7 maio de 2015, fizeram o evento de lançamento do trabalho “La Pachanga” (EP),no Centro Cultural São Paulo. A cantora chilena Francisca Valenzuela participou neste trabalho na faixa “Dicen”. A faixa “Minha Casa”, totalmente cantada em português, foi escrita em África.
Em 2016, iniciaram a campanha “VaiPraCuba”, por meio da qual cogitavam financiar um documentário sobre a cultura, aproveitando uma viagem à capital (Havana) e participaram no projeto “El Sur Suena”, no festival “AMPM – América por Su Música”.
A violência Doméstica é tratada no álbum “SOLTABRUXA”, com produção de Curumin e Zé Nigro. A canção “Despedida”, faz parte do segundo álbum “Rasgacabezza”, em 2020
O baixista Rafael Gomes, que integrou o grupo por seis anos e meio, foi substituído no mesmo ano por Helena Papini.
No ano de 2021, a banda lançou o seu terceiro terceiro disco intitulado “Casa Francisco” e três anos mais tarde gravam com: Lenine, Mart´nália, Pato Fu e Ilú Obá de Min.
Dia 19 – Casa da Música – Sala 2
Uma entrada curiosa, cada elemento trazia consigo um cravo vermelho!
Mateo, assume o protagonismo do contacto com o público, usando uns boxers com rede de meia preta de mulher. Durante todo o concerto, ele não pára, até se aproximar mais do público,numa roda naturalmente criada para o efeito.
Sebastián, seu irmão, assume a bateria o que nos leva para uma apresentação diferenciada da Fnac…A baixista, assume uma posição chave na seção rítmica, com um poderoso groove e com um look de punk ou mesmo de metal…O guitarrista elétrico, assume uma posição mais introvertida e penso que poderia melhorar o seu som…Mesmo quando vem à boca do palco, vem timidamente… A forma como comunicam com o público e a forma como o público reage, faz-me lembrar Pedro Abrunhosa, que faz do público o que quer!
Começo. finalmente, a entender a razão dos bilhetes serem em pé. Ninguém fica parado durante todo o concerto.
Mateo tem consigo a responsabilidade de além da sua guitarra acústica, lançar os samplers! Ouve-se “O Homem não se define, eu sou o meu próprio lar” e o público continua a cantar bem alto as letras, que há muito têm reservadas nos corações.
Chega a altura do carnaval e ouve-se: “ O dólar vale mais do que eu, então fodeu!”
Sebastián, faz os últimos agradecimentos à equipa técnica e a quem colaborou para que este concerto se realizasse.

“Um passito para trás (4 x) e um passito para a frente (2X)” Aí fico sozinho à beira do palco, porque nos quatro passitos para trás, o público, fica um pouco afastado do palco e de mim. As gentes devem-se ter perguntado: – O que faz aquele cota encostado ao palco de bloco e caneta na mão?…Nesta altura, estávamos com 1h30 de espetáculo…
Acorda! Acorda! Acorda! A bateria faz uma batida e logo o público responde: – Hei!
Logo Mateo interrompe com: O chão está pegando fogo; As paredes estão pegando fogo; o teto está pegando fogo, o palácio está pegando fogo!
Quando Mateo simula um strip e tira as boxers (tem outras cueca por baixo), aí as mulheres ficaram em êxtase! Com a balada, apaga a luz, o último a sair…É pedido ao público que acenda a luz dos telemóveis e rapidamente o público se ilumina!
Filipe, o manager da banda não resiste e entra no palco para registar o momento! O concerto ainda vai decorrer, até às 2h20 e não dá para mais, pois existem regras na Casa da Música que não podem ser ultrapassadas…Muito sinceramente, das centenas de concertos a que assisti, este provavelmente é o mais eletrizante, o mais lhano, o mais contagioso e comunicativo a que assisti!
O que mais me marcou, foi a simplicidade dos músicos e a sua simples comunicação com todos nós, provavelmente fruto, de terem iniciado as suas carreiras na rua. Bem Hajam!
Agora as músicas: Intro, O que Existe, Segunda Feira, Arrasta, Calor de Rua, Arbolito Punk, Loucura, OTESM, TLM, Intro 10 años, Como uma flor, Chama Adrenalina e chão teto, parede. E nos encores ouviu-se: Despedida e Batida do Amor.
Agora os músicos: Sebastián Piracés-Ugarte – vocal e bateria; Mateo Piracés-Ugarte – vocal e violão (samplers); Juliana Strassacapa – vocal e percussão; Andrei Martinez Kozyreff – Guitarra elétrica; Helena Papini – Baixo elétrico.
O brilho nos olhos do público era contagiante!

Músico/Colaborador