Mais de dois terços dos portugueses realizaram pelo menos uma doação monetária a instituições de caridade em 2024, segundo o estudo “A filantropia em Espanha e Portugal. Conhecimentos, atitudes sociais e comportamentos”, desenvolvido pela investigadora Beth Breeze, da Universidade de Kent, em parceria com o Observatório Social da Fundação ”la Caixa”.
Apesar de a média de doação anual atingir 765 euros, a mediana situa-se nos 30 euros, refletindo a realidade da maioria da população, com muitas pequenas doações e poucas contribuições de valor elevado. A principal causa apoiada foi a ação social (32,7%), seguida da saúde (22,3%), ambiente e animais (18%), direitos humanos (13,1%) e religião (6,6%).
A filantropia no quotidiano vai, no entanto, muito além das transferências financeiras:
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92% ajudaram alguém que conhecem;
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87% doaram bens a instituições;
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82% ajudaram desconhecidos;
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75% auxiliaram outros em tarefas diárias como fazer compras ou passear animais;
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72% deram dinheiro a familiares ou amigos em dificuldade.
Outras formas de ajuda incluíram aconselhamento especializado (74%), doações a desconhecidos (70%), empréstimo de bens (37%) e doação de sangue ou plasma (34%).
Quando questionados sobre as causas mais urgentes, os portugueses destacaram a saúde (76%), os direitos humanos (55,4%) e a educação (42,2%).
O estudo também revela que 43% dos portugueses fizeram voluntariado em organizações sociais em 2024, principalmente nos serviços sociais, saúde e causas ambientais ou de defesa animal. O voluntariado é mais frequente entre pessoas com nível de educação mais elevado, o que pode estar relacionado com maior flexibilidade laboral ou recursos económicos que permitem a dedicação de tempo.
No que toca ao conhecimento sobre a filantropia, 66% dos portugueses dizem conhecer o termo, sendo as palavras mais associadas “ajuda, amor, humanidade e generosidade”. As organizações mais mencionadas foram a UNICEF, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Cruz Vermelha Portuguesa.
No entanto, o Índice Mundial de Doação coloca Portugal em 115.º lugar, com 53% a afirmar ter ajudado um estranho, 24% a ter feito doações em dinheiro e 15% a ter feito voluntariado. A investigadora Beth Breeze destaca que “os portugueses são mais filantrópicos do que pensam”, mas muitas vezes não identificam os seus comportamentos como tal.
OC/RPC
Nota do editor:
A mediana é uma medida de tendência central usada em estatística para indicar o valor que ocupa a posição central de um conjunto de dados quando estes estão ordenados por ordem crescente (ou decrescente).
Como funciona:
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Se houver um número ímpar de valores, a mediana é o valor que está exatamente no meio da lista ordenada.
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Se houver um número par de valores, a mediana é a média (aritmética) dos dois valores centrais.

Editor Adjunto, Articulista e Eng. Eletrotécnico






