A chegada de Luís Freire ao comando da seleção nacional sub-21 é encarada como um novo desafio para o treinador, que terá agora de adaptar-se ao contexto específico das seleções. Ukra, antigo internacional português, partilhou a sua visão sobre o técnico, com quem trabalhou no Rio Ave, considerando que a mudança representa uma oportunidade valiosa.
“É uma realidade nova, mas a sua mentalidade é de alguém que veio de baixo e sabe o que é necessário para motivar os atletas e qual a resiliência e o sacrifício que teve para chegar ao topo. Obviamente, ter jogadores de qualidade, que pertencem a grandes clubes, têm um potencial enorme e estão a um passo da seleção ‘AA’, vai ajudá-lo a pôr em prática as suas ideias da melhor forma possível. Acima de tudo, acredito que a fome de vencer dele fará grande diferença”, afirmou Ukra à agência Lusa.
Luís Freire foi anunciado na quarta-feira como o novo selecionador sub-21, sucedendo a Rui Jorge, que deixou o cargo cinco meses após a eleição de Pedro Proença para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Rui Jorge esteve no cargo durante 14 anos e meio, período em que a seleção sub-21 disputou cinco Europeus, tendo sido finalista vencido em 2015 e 2021.
“As ideias vão certamente ser diferentes. Há que dar uma palavra ao trabalho que o Rui Jorge fez. Não conseguiu conquistar o tão desejado título, mas fez grandes trabalhos e acredito que o Luís Freire vá conseguir esse marco histórico”, acrescentou Ukra.
O novo selecionador, de 39 anos, estava livre desde maio, altura em que deixou o comando do Vitória SC após 19 jogos na I Liga 2024/25, com oito vitórias, seis empates e cinco derrotas. Ocupou o sexto lugar, ficando fora do acesso às competições europeias. Antes, passou pelo Rio Ave, onde venceu a II Liga em 2021/22.
“As coisas no Vitória SC não se proporcionaram a nível de qualificação para a Liga Conferência, porque, se assim fosse, tenho a certeza de que ele estaria ali. Costuma-se dizer que nada acontece por acaso e o Luís Freire teve esta oportunidade. É um passo incrível e não estava à espera. Acredito que vai corresponder da melhor forma”, afirmou o ex-avançado.
Freire iniciou a carreira nos escalões distritais com o Ericeirense e o Pêro Pinheiro, conquistando títulos em 2015/16 e 2016/17. Seguiram-se o Mafra, com quem venceu o Campeonato de Portugal, o Estoril Praia, o Nacional e a estreia na I Liga em 2020/21.
“Nunca foi um treinador de ter muitas expectativas. Focou-se sempre muito no presente e por isso é que tem tido sucesso e conseguiu fazer algo muito difícil, que é vir da parte mais baixa da pirâmide e subir a pulso com trabalho, dedicação compromisso e qualidade. Estar num dos cinco principais campeonatos europeus ou chegar a um grande clube português era, se calhar, o grande objetivo dele, mas esta oportunidade é única”, sublinhou Ukra.
O antigo jogador acredita que o técnico está preparado para trabalhar com jogadores que atuam nas principais Ligas europeias, apesar de deixar de acompanhar a sua evolução em contexto de clube.
“Ele é muito ambicioso, obcecado pelo trabalho e dedicado. Tem uma equipa técnica que já o conhece há muitos anos e com a qual trabalha de olhos fechados. É importante que haja essa coesão e transparência, porque o ‘mister’ é muito chegado aos jogadores e um amigo com quem podemos falar à vontade. Já lançou vários jovens, sabe como falar e o que tem de fazer para poder extrair o melhor de cada um e é muito humilde”, disse.
Ukra espera ver uma equipa com identidade de jogo definida, apostada em manter a posse de bola e com capacidade de adaptação tática.
“Mostrou isso no Rio Ave, que esteve praticamente três anos a jogar com uma linha três defesas, e no Vitória de Guimarães, no qual se adaptou a uma linha de quatro atrás. Em termos de sistema, foi algo em que o Luís Freire evoluiu no último ano com a troca de clube. Percebeu que é importante ter várias soluções, porque os jogos e as equipas nunca são iguais”, concluiu o ex-internacional, que terminou a carreira profissional em 2024.
OC/RPC/LUSA
