A direção do Boavista anunciou a criação de uma equipa sénior de futebol independente da SAD, com o objetivo de garantir a continuidade da modalidade no clube e assegurar a sua identidade desportiva, após a exclusão das competições profissionais.
Num documento enviado aos sócios, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente Rui Garrido Pereira defende que “o Boavista pretende ter uma equipa sénior, estando a ser preparada com critério, dentro dos recursos disponíveis, e com o objetivo de representar com dignidade os valores do clube”.
A decisão surge após a SAD ‘axadrezada’ não ter conseguido cumprir os requisitos financeiros para disputar a II Liga, nem para obter licenciamento para a Liga 3, com o prazo de recurso junto do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a terminar esta quarta-feira.
O clube detém apenas 10% da SAD liderada por Fary Faye. Perante a fragilidade da estrutura, “o clube está a assumir a responsabilidade de garantir que o futebol sénior continua a existir, independentemente do futuro da SAD”, pode ler-se no mesmo documento.
Na mesma comunicação, Rui Garrido Pereira afirma que “vamos começar de forma limpa, com as nossas próprias decisões, sem dependências externas e com os nossos valores”, sublinhando que estão a ser trabalhadas parcerias e colaborações que “serão avaliadas caso a caso e implementadas se forem benéficas para o clube e respeitarem a sua identidade”.
Caso o recurso da SAD não seja aceite, o Boavista será relegado para os escalões distritais da Associação de Futebol do Porto. Nesse cenário, a nova equipa sénior será inscrita numa divisão compatível com a realidade atual.
“Estamos em conversações com as várias entidades, no sentido de encontrar uma solução que cumpra os regulamentos desportivos. O importante, neste momento, é que o futebol sénior seja assegurado, com seriedade e ambição para crescer com consistência”, garantiu.
Depois de 11 temporadas consecutivas na I Liga, o Boavista foi despromovido à II Liga no final da época 2024/25, ao terminar no 18.º lugar com 24 pontos. A saída do futebol profissional marca o fim de um ciclo iniciado com a profissionalização da equipa em 1999.
Apesar do Estádio do Bessa continuar a ser a base da estrutura, o clube reconhece a necessidade de ajustar a logística, estando em curso acordos para garantir as restantes instalações.
No plano estratégico, Rui Garrido Pereira garantiu que a formação e as modalidades se mantêm como prioridades, num momento que considera “particularmente delicado e decisivo da história do clube”.
“O projeto do futebol profissional falhou para grande desilusão de todos nós, mas não foi certamente por responsabilidade do clube. Esta direção procurou sempre garantir todas as condições necessárias para que pudesse haver sucesso, mesmo tendo sido colocada à margem de muitas decisões. Chegou o momento de virar a página”, lê-se no documento.
O presidente sublinhou ainda a necessidade de recuperar o peso institucional e o controlo financeiro do clube, afirmando que, embora a comunicação tenha sido uma das áreas deficitárias, “o mandato que assumimos não é de seis meses, mas de três anos, e o caminho faz-se passo a passo”.
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