No sábado passado, os Xutos e Pontapés encerraram a sua digressão do 45º aniversário no queimódromo no Porto perante uma multidão de milhares de fãs de várias gerações, vestidos a preceito com os famosos lenços vermelhos e t-shirt’s pretas, algumas do merchandising dos Xutos, outras feitas intencionalmente para este concerto para celebrarem com a sua banda.
Um fenómeno que sempre moveu um enorme e fiel público. Hoje são os adolescentes e jovens do final da década de 70 que acompanham a banda da sua juventude na companhia de filhos e netos. Nas longas filas que duas horas antes do concerto já se formavam circunvalação abaixo até a Anémona para se conseguir entrar no recinto, encontravam-se famílias inteiras, grupos de amigos, miúdos com menos de dez anos de bandana xadrez a acompanhar pais, primos, tios e avós…e sexagenários com estilo roqueiro e espírito aberto e paciente na expectativa de (re)verem os seus ídolos a entoar as canções do seu imaginário juvenil.
A noite era de festa. Às 22:30, quando kalu, Gui, João Cabeleira e Tim começaram os acordes de ” Olá vida malvada” os milhares de fãs presentes mostraram a força do seu apoio à banda que continua a ser uma referência no panorama musical português. De resto, esta é uma das canções do icónico álbum ” Circo de Feras” de 1987. O mesmo álbum de “Contentores” , a canção que catapultou a banda do X para o sucesso!
EMOÇÃO
Na quarta música do alinhamento deste concerto com “O mundo ao contrario”, o público do Porto mostrou aos seus ídolos que gostam mesmo deles, tal a força com que entoaram em coro o refrão “… se eu gosto de ti, se gostas de mim….”. A partir daí, Tim não conseguiu esconder a emoção. A viagem feita da frente para trás trazia os clássicos e com eles muitas histórias e boas memórias. A retrospectiva incluiu os sucessos “O que foi não volta a ser” ou “À Minha Maneira”, “Para Ti Maria” do álbum “88” e “Gritos mudos”…o público acompanhava Tim e, quando o vocalista aos primeiros acordes de “À minha maneira” desafiou o público a cantar, continuando a feliz surpresa que a Rádio Comercial lhes proporcionou, juntando as vozes de vários artistas, ninguém no queimodromo resistiu. Foi um enorme coro que entoou “já sei que vou arder na tua fogueira“.
Em apoteose emergiu a homenagem a Zé Pedro na forma de vídeo, a presença do guitarrista falecido em 2017, a agradecer também aos seus fãs.
Duas horas e meia e 30 cancōes a atestarem a força incontornável dos Xutos. No primeiro encore com “A casinha” o céu parecia ainda mais estrelado. E como ninguém se calava, voltaram pela segunda vez para o último, e talvez o mais aguardado clássico: “O homem do Leme”.
Durante esta última canção, o público, movido por uma energia tal, abraçou-se como que impulsionando a banda a continuar a estrada por muitos mais anos.
Colaboradora/Filósofa