Voar em terra
Como voar?
Se este meu corpo concebido
Não tem asas para voar
Tem pés assentes na terra.
Afinal… ao assim pensar
Apercebi-me que estou a voar
Não é imperativo ter asas
As asas… essas não me pertencem
Possuo internamente o voo planador
Que me leva para onde eu quiser.
Este corpo que conheço bem
Cada sinal, cada pedacinho visível
Distingue-me dos demais.
Mas o meu corpo é muito mais
É tão mais que nem eu sei
Os voos planadores que farei
Neste breve acesso à vida.
Esta capacidade a nós pertence
Abraçar o inabraçável
Ser onda que não molha
Olhar nos olhos à distância
Mas perto, tão perto que se vê e sente o brilho
É tão real que provoca um calafrio emocional
Adocicando o ser afetuoso.
Posso ir longe, muito longe
Ou ficar por perto.
Sei… apenas sei que cada um
É a esfinge com características sublimes
De ir e vir em voos planadores
Um acrescento extraordinário nas nossas vidas
Que é inimaginável ser privada da sua companhia.
Poetisa e Professora