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Sábado, Setembro 7, 2024

Rui Moreira teve que reverter a sua decisão autocrática e pouco independente

Afinal o presidente da Câmara Municipal do Porto "reverteu a decisão de remoção da estátua de Camilo Castelo Branco", alegando ao jornal Público que "desconhecia uma deliberação municipal de 2012 (quando Rui Rio era presidente da autarquia portuense!) que foi aprovada por unanimidade". O Cidadão mantém o artigo de opinião do jornalista José Peixe, pois apesar de a estátua continuar onde está, era intenção de Rui Moreira retirar a obra do escultor Francisco Simões.

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No dia em que circula uma petição pública em Portugal (e que já reuniu milhares de assinaturas!), para manter a estátua de Camilo Castelo Branco onde está, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, de forma autocrática e baboca, decidiu anunciar aos órgãos de comunicação social, que por decisão própria vai retirar a estátua “Amores de Camilo”, de Francisco Simões, do Largo Amor de Perdição, por considerar a escultura “feia e de mau gosto”.

Eu sempre achei que o autarca Rui Moreira de independente não tem nada. Considero que os conceitos democráticos do autarca portuense, deixam muito a desejar. Alguns amigos da Invicta juram-me a pés juntos que não passa de um “betinho” frustrado. E a decisão que acaba de tomar em relação à estátua de Camilo Castelo Branco vem revelar isso mesmo.

Sobre esta polémica despoletada por um “grupelho” de falsos moralistas e puritanos da treta, fizeram com que a tetraneta do escritor, Ângela Castelo Branco, proferisse estas declarações ao jornal Observador: “Isto não é Camilo. Isto é meia dúzia de senhores que se devem achar donos do Porto ou de Portugal”.

Apesar de ser “mouro” e de viver abaixo do Mondego e na margem esquerda da velho Tejo, posso dizer com orgulho, que passei os melhores tempos da minha juventude na cidade do Porto. Uma cidade que fez de mim o cidadão que sou.

Diz o presidente da Câmara Municipal do Porto à agência Lusa o seguinte: É uma decisão minha. Há coisas em que tenho de ouvir os órgãos, há coisas em que tenho de ouvir a população, há coisas em que tenho de decidir quando sei que há posições extremadas dos dois lados. Aqui há quem queira e quem não queira [retirar a estátua do largo], as pessoas que se dirigiram a mim sobre esta matéria são pessoas por quem temos de reconhecer que têm o mérito de se atravessarem por isso”.

Uma tirada infeliz de alguém que decidiu valorizar apenas e só, o pedido efectuado por 37 pseudo-intelectuais que um destes dias vão pedir para se fechar O Piolho, mandar abaixo a Torre dos Clérigos e proibir que se sirvam francesinhas na cidade do Porto. E saber ouvir a população do Porto não importa? Pelos vistos não.

Rui Moreira esclareceu que a decisão surge na sequência da carta que recebeu e que tem entre os signatários “os dois maiores críticos de arte da cidade do Porto”, referindo-se a Bernardo Pinto de Almeida e Miguel Von Hafe Pérez.

“Essas pessoas refletem um sentimento relativamente aquela estátua que corresponde ao meu. Não é por nenhum puritanismo, não é por ser pornográfico, não entendo isso assim. Temos a menina nua e vamos continuar a ter. Se me perguntar, acho que aquilo, de facto, é feio, é de mau gosto, e esta é, de facto, uma decisão do presidente da câmara”, sublinhou Rui Moreira.

Ui! Que parolice. Por causa de dois cidadãos portuenses, retira-se uma estátua que tem mais de 11 anos? Não lembra ao Diabo. Podemos confirmar que contrariamente ao que quer fazer passar junto da opinião pública portuense, Rui Moreira deixa-se influenciar facilmente. Pelo menos parece.

Na Câmara Municipal do Porto impera o quero, posso e mando. O autarca Rui Moreira está de parabéns. Pode agendar um almoço de trabalho com o exemplar Isaltino Morais, num dos restaurantes chiques do Porto. E talvez o autarca de Oeiras ainda tenha mais umas poções autocráticas para oferecer a Rui Moreira em troca de uma caixinha de vinho Pêra Manca. Ou então Barca D’Alva.

Ó senhor presidente, quando retirar a estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição, da autoria de Francisco Simões, faça o favor de a enviar para mim, aqui para o Ribatejo, juntamente com umas tripinhas à moda do Porto, só para eu matar saudades. Pagarei o transporte.

E quando passar por Vila Franca de Xira, não perca a oportunidade de visitar e apreciar a estátua de Alves Redol, só para você ver como é que as gentes da Borda D’Água recordam um dos maiores génios do neorrealismo. Convide os ilustres críticos de arte Bernardo Pinto de Almeida e Miguel Von Hafe Pérez para o acompanharem.

Vão ficar escandalizados. É que o Mestre Lagoa Henriques decidiu que Alves Redol devia ficar com o “pirilau” à mostra. E as gentes da campina não pediram para retirar a obra. Sabe porquê senhor presidente Rui Moreira? Porque no Ribatejo nós costumamos pegar os toiros pelos cornos.

Nota da Redação: O autor escreve segundo o antigo prontuário ortográfico.

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