A educação em Portugal é uma vergonha. Sem máscaras e subterfúgios, os casos não caem no acaso. São claros, às sacadas e às pargas como se diz aqui no sul do país. Já quase ninguém quer a escola neste caduco formato. Entrou-se num caminho sinuoso, perigoso e, quiçá, sem saída à vista.
O desânimo, o desacreditar que valeria a pena apostar e a desmotivação, nada incentivada, derrubaram os alicerces da sociedade escolar.
Enquanto encerrarmos os alunos continuamente, em regime de no stop, dentro das quatro paredes da escola; enquanto os pais e encarregados de educação continuarem a despejar os filhos na escola, sacudindo responsabilidades e, ao mesmo tempo, a água do capote; enquanto os dirigentes escolares e as tutelas se fecharem em gabinetes e, sem se aperceberem, condicionarem a cotidiana dinâmica e o marchar dos alunos, professores e administrativos; enquanto os docentes e não-docentes se sentirem fora das quatro linhas, será uma questão de tempo para tudo isto implodir.
Nessa altura, não valerá a pena implorar. Pouco haverá a fazer.
Os jovens estudantes precisam de um maior contacto com o caminho que os transportará ao mundo trabalho.
Onde ficam os contactos com a prática pedagógica, dentro e fora da escola? A proximidade aos mais velhos (Mestres de ofícios!), às profissões mais práticas, ao saber fazer, fazendo, mas in sito?
Onde mora o be-learning? O uso para fins didáticos e pedagógicos dos telemóveis nas salas de aulas? A proximidade dos professores e diretores aos alunos, no pátio da escola, à hora do intervalo? E as mensagens de um feliz Natal? De um feliz aniversário? Onde paira uma passagem pelas salas de aulas e deixar, com sorriso, um bom dia, perguntando se está tudo bem?
É mais fácil fechar jovens na escola, despejar conteúdos e – vai para casa, mas regressa amanhã.
Eu preciso de um eletricista, um canalizador, um pintor, um pedreiro, um bom mecânico, um mestre carpinteiro, mas não encontro. Têm contactos de alguns bons a quem eu também possa apresentar os meus alunos? Um pescador, um artesão, um limpador? Um….profissional mais velho para falar com o aprendiz? São poucos, muito poucos para uma sociedade aos ziguezagues. A caminho do nada, infelizmente!
Jornalista