A antiga Quinta das Areias, de Furamontes ou do Casal da Capela, propriedade com perto de 70.000m2, com referências históricas que remontam, pelo menos, ao Séc. XVIII, foi uma enorme unidade de produção agrícola, de onde se colhiam com abastança, milho, feijão, centeio, vinho, frutas e legumes, importante ponto de abastecimento à cidade – aquando da segunda guerra mundial – e ao Colégio dos Órfãos.
O topónimo Casal advém de uma subunidade agrícola, geralmente ocupada por uma ou duas casas, Furamontes é, por ventura, um topónimo anterior à romanização e estará ligada à exploração de minas de ferro, mineral esse que tornava as águas férreas, outro topónimo, dos ribeiros e regatos que escorriam pelos vales até pararem no Douro.
Em 1937, quando a municipalidade adquire a quinta por 200.000 escudos, para aí instalar o novo horto municipal, o então proprietário Dr. Alberto Maria Ribeiro de Meireles, detinha elevadas posses no Douro, um feitor, que se encarregava das lides e três caseiros.
Na escritura lavrada, consta o direito à Câmara de usar durante cinco dias por semana a água de uma mina, também pertença da Quinta.
De 1937 à atualidade, o Horto Municipal das Areias tornou-se numa referência na área do viveirismo, onde se pode visitar algumas coleções de algumas espécies: as 341 variedades de Camélias, 30 variedades classificadas de Pelargónios, 25 variedades de trepadeiras, 100 variedades de arbustivas, dezenas de Roseiras, para além de ser o acervo municipal viveirista e de onde saem as plantas, arbustos e árvores que ornamentam a cidade.
Em 1969, foi montado um incinerador para onde eram enviados os cães e gatos mortos da cidade, em 1971, foi montada uma estufa no valor de 199.438 escudos e, um ano depois, um abrigo para as plantas, com o valor de 438.965 escudos.
Pois bem, mas terá sido este o primeiro local onde a municipalidade teve o seu horto?
Não. O anterior estava localizado onde hoje encontramos a estação de metro da Trindade, na Rua de Camões, junto a Gonçalo Cristóvão.
Na foto, podemos ver parte das plantações, da estufa e do edifício central, em 1903, por trás vemos o imponente palacete das Lousas, onde nos nossos tempos foi erguido o edifício do Jornal de Noticias e funcionou a Escola Prática e Comercial Raul Dória.
O horto foi transferido para Campanhã, pela necessidade de extensão da linha de ferro da linha Porto-Póvoa que, até então, tinha o seu término na Estação da Boavista e se prolongou até à Trindade e rasgava o horto em dois.
Local, por certo, onde foram incentivadas e aplicadas as mais modernas técnicas viveiristas da época, ou não se tornasse o Porto numa autêntica escola da jardinagem…
Assistente Técnico