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Quinta-feira, Março 27, 2025

Será que é mesmo preferível morrer pelo fogo, em combate?

As medidas devem sempre aprimorar os instrumentos do ordenamento do território e da paisagem, intervenções de gestão integrada do espaço rural e o desenvolvimento de competências preventivas e de qualificação daqueles que combatem os incêndios, reforçando os meios de combate.

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Pedro Nogueira Simões
Pedro Nogueira Simões
Advogado, Psicólogo e Investigador Universitário

O primeiro ano sem vítimas mortais…

Certa vez Mahatma Gandhi disse que “nunca país algum se elevou sem se ter purificado no fogo do sofrimento”, e nesse sentido bem poderíamos nós salientar o passado de dor ligado aos incêndios que ano após ano ceifam não apenas toda uma fauna ímpar, mas também as vidas dos portugueses que contra tal flagelo lutam…

Contudo, nem sempre o nosso fado pode ser de tristeza, e o ano de 2023 foi o primeiro de sempre sem vítimas mortais na sequência de incêndios florestais e de queimadas, cujo destaque foi anunciado pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais.

Trata-se sempre de um motivo para celebrar, pois se nos anos anteriores as siglas ultrapassavam as duas casas decimais, no presente, juntamente como uma diminuição dos incêndios nos meses de verão e a redução da área ardida (o quarto valor mais reduzido desde 2000), levou aos resultados que sempre esperamos…

Ano este que deflagraram 7.635 incêndios rurais, menos 26% do que em 2022, que consumiram 34.419 hectares, uma redução de 69% em relação ao ano anterior.

Trabalho este, diga-se de passagem, de um esforço continuado de prevenção, e não de apenas combate aos incêndios. É central uma posição de melhorias das condições de vida no interior, de agir nos elementos estruturais, e de uma estratégia discutida cujo percurso deve ser para lá das ideologias políticas ou posições temporárias …

Ou seja, as medidas devem sempre aprimorar os instrumentos do ordenamento do território e da paisagem, intervenções de gestão integrada do espaço rural e o desenvolvimento de competências preventivas e de qualificação daqueles que combatem os incêndios, reforçando os meios de combate.

Nesse sentido, o reforço por parte de quem preside aquele instituto público foi de fortificar a estratégia, planeamento e uma programação conjunta de vários níveis, designadamente nacional, regional e sub-regional… juntamente com o comportamento das pessoas que levou de forma holística à observação de resultados significativos…

Por fim, quanto ao próximo ano, devem ser traçados reforços e estímulos para proprietários e associações, assegurar-se a qualidade de decisão e a capacidade de uso eficiente e eficaz dos recursos, onde naturalmente um trabalho em coordenação vai de encontro ao defendido pelo poeta lírico e satírico de enorme prestígio em Roma à cerca de dois mil anos – Horácio – cuja frase célebre tudo concluiu: “quando a casa do vizinho está pegando fogo, a minha casa está em perigo”.

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