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Sábado, Setembro 7, 2024

São Gonçalo é do norte e também do Brasil – Por Joaquim Marques

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Joaquim Marques
Joaquim Marques
Técnico de Turismo

Abordo aqui um pouco do nosso património imaterial, sob a forma da festa popular, em honra de São Gonçalo. Há que zelar para manter estas tradições, que valorizam a cultura de um povo.


São Gonçalo: as origens
Gonçalo nasceu em Paço de Arriconha, freguesia de Divino Salvador de Tagilde, em Vizela, Braga, por volta de 1187 e faleceu em 1259.
Foi ordenado sacerdote ao Arquebispal de Braga.
Desiludido com o desrespeito pelos ensinamentos cristãos e pela humildade, decidiu abandonar a vida paroquial por ser evangelizador, indo para a Ordem de São Domingos, no Vale do Tâmega.

A 16 de setembro de 1561, Gonçalo de Amarante foi beatificado pelo Papa Pio IV.
O Papa Clemente X, em 1671, estende o ofício da sua festa litúrgica a toda a Ordem Dominicana, que é celebrada no dia de sua morte, em 10 de janeiro.
As festividades estão relacionadas com a crença de que São Gonçalo operava supostos milagres em todo o norte de Portugal.

São Gonçalo é considerado o “casamenteiro das velhas”, o que nem sempre agradaria às mais jovens que não queriam esperar… e assim terá surgido a famosa quadra popular de Amarante:
S. Gonçalo de Amarante,
Casamenteiro das velhas,
Porque não casas as novas?
Que mal te fizeram elas?

As festividades são, ainda hoje, celebradas em vários locais de Portugal, tais como: Amarante, Aveiro e Vila Nova de Gaia e até se internacionalizou, celebrando-se também no Brasil.
Originalmente, a festa de S. Gonçalo era celebrada a 10 de janeiro.

No entanto, em Amarante, a data é celebrada em duas ocasiões: a religiosa no dia 10 de janeiro e a romaria no primeiro fim de semana de junho (festas da cidade).
Em Gaia, a festa acontece no dia 15 de janeiro e no bairro da Beira Mar, em Aveiro, no domingo mais próximo do dia 10 de janeiro.

Algumas curiosidades
A Festa de São Gonçalo de Amarante está enraizada na cultura da Princesa do Tâmega, com doces peculiares com formas fálicas, com cortes picantes que e com uma rica história de conquistas e atos heroicos importantes na construção da história de Portugal.

Em Gaia, reza a lenda que a cabeça de S. Gonçalo foi atirada para o rio Douro, parando na zona ribeirinha de Gaia. E foi o povo de Santa Marinha – ligado aos Marinheiros do Rio Douro – que avistou a cabeça do santo. E é por isso que eles justamente ganharam o desfile pelas ruas da paróquia com o “prémio”: a cabeça da padroeira!

Esta é a primeira festividade/romaria em Gaia! O centro das festividades é a Igreja de Mafamude, onde existe um altar em honra de São Gonçalo, protetor dos marinheiros e pescadores, santo das doenças dos ossos e construtor de pontes. Também São Cristóvão é homenageado pelas populações gaienses, invocando a proteção dos barqueiros do rio.

A romaria faz-se com as cabeças de São Gonçalo e de São Cristóvão a percorrer várias ruas, durante todo o dia, sempre acompanhada pelo estrondoso som de grupos de bombos. E a multidão, eufórica, grita: “E ele é nosso! É, é, é!”.

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