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Domingo, Fevereiro 16, 2025

Sánchez é primeiro-ministro de Espanha mas apoiado por complexa e pressionante “geringonça”

Sob um clima de contestação nas ruas e, mesmo hoje, à porta da Assembleia, em Madrid, Pedro Sánchez foi reelito primeiro -ministro de Espanha, à primeira volta, com maioria absoluta dos votos. Movimentos independentistas apoiam, mas prometem ficar atentos. Empresários temem instabilidade política. Alberto Feijóo (PP) considera esta investidura como um equívoco.

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O Partido Socialista Operário Espanhol ( PSOE), através de uma ampla coligação política, conseguiu obter a maioria absoluta, apesar das manifestções na rua durante toda a semana, principalmente em Madrid,  e mesmo hoje,  à porta da Assembleia de Representantes, onde decorreu a votação.

Pedro Sanchéz continua como primeiro-ministro, após obter 179 votos, num total de 350 deputados, o que lhe confere uma maioria superior à que conseguira na última lesgislatura.

Os socialistas conseguiram montar uma espécie de “geringonça à portuguesa”, mas muito mais controversa e hostilizada pela oposição do que, à época,  a de António Costa. Também o PSOE foi o segundo partido mais votado ( o Partido Popular (PP) do galego Alberto Feijóo saiu vencedor, mas sem maioria), mas o que conseguiu mais apoios dos restantes partidos representados.

PP e VOX ( partido de extrema -direita, dirigido pelo ex-PP Santiago Abascal) ficaram, assim isolados, depois dos acordos entre Sánchez e os movimentos independentistas e regionalistas.

Foi a aministia para os catalães, envolvidos desde 2012 na declaração unilateral de independência da Catalunha, em 2017, o grande centro da polémica. A juntar a esta amnistia, o “parceria” do PSOE com os partidos bascos, herdeiros políticos da ETA, fez o barril de pólvora explodir.

E convocados pelo PP e VOX, muitos espanhóis vieram para as ruas integrando manifestações de repúdio – a Sánchez, à amnistia e à “passadeira vermelha” atribuida aos bascos – nas quais reinou um clima de caos e a violência na capital espanhola. Hoje, foi à porta da Assembleia, o que levou a polícia a ter de intervir.

Tem sido um processo longo e difícil em defesa “da democracia e contra a direita anacrónica” como reconheceu Pedro Sanchéz no encerramento do debate “ o processo não foi fácil, mas vamos todos trabalhar muito para manter uma legislatura que custou tanto a conquistar”

Independentistas desconfiados

Com esta aliança ficou bem vincada a caraterística de Espanha como Nação de nações. Vejamos os partidos que apoiaram Pedro Sánchez: Coligação Canária (CC) ;Independentistas Catalães (ERC); Bloco Nacionalista Galego (BNG); Juntos pela Catalunha (Junts); EHBildu ( País Basco); Partido Nacionalista Basco (PNV) e Somar (coligação de diversos partidos de esquerda e extrema-esquerda, liderados por Yolanda Diáz, Ministra do Trabalho).

Aitor Esteban (PNV), exige que o PSOE cumpra o que acordou. E avança “se o Senhor Pedro Sánchez prtetende manter a governabilidade, necessita cumprir o que assinou.“. Durante o debate, Esteban olhou para a bancada do PP e, avisou Feijóo ” se o governo de Espanha quebra, terei de esclarecer o que nos chegaram a oferecer há alguns meses.”

E o deputado basco não ficou por aqui nos avisos e críticas “”vamos estar sempre atentos a Pedro Sánchez. Ainda estão frescos os incumprimentos da legislatura anterior. Por isso, votamos, mas desconfiamos; também não queríamos depender  e facilitar um governo VOX. Agora, vamos exigir o cumprimento de um acordo que preenche 10 páginas.”

Quanto a Mertxe Aizpurua, ex-jornalista, atualmente deputada por Guipúzcoa pelo Euskal Herria Bildu ( esquerda separatista basca) pede um referendo como o escocês para construir a “República Basca”. E lembra o primeiro-ministro ” o nosso apoio na investidura não é um “cheque em branco” e pretendemos abrir um debate do “modelo territorial””.

O futuro dirá se toda esta pressão política é garantia de estabilidade. Para já, o PSOE de Pedro Sánchez, apesar de ter perdido as eleições, continua a governar Espanha. Veremos se o albiente tenso das última semana vai agora atenuar ou se a direita engrossa a sua luta nas ruas. Que Espanha está dividida como há muita não se via, é uma realidade que não escapa a quem observa o dia-a-dia político.

Alberto Jorge Santos com “La Vanguardia”.

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