A história da humanidade tem tido uma narrativa de conflitos e guerras. Desde tempos antigos até os conflitos atuais, a paz tem sido uma busca constante e muitas vezes esquiva para a humanidade. Diante da marcante incidência das guerras atuais nas fontes de informação, a crença num futuro pacífico e numa humanidade unida parece diminuir a cada dia.
A cada notícia, somos lembrados das tensões em diferentes partes do mundo, dos conflitos armados, da violência e da destruição. A busca pela paz parece cada vez mais distante e inalcançável num cenário global que parece estar repleto de hostilidade e conflitos.
Pensamos como podemos combater o ódio e promover um mundo mais respeitoso e justo. Proponho o seguinte: relembrar, educar e praticar a paz, sendo agentes ativos da mesma. A busca incessante pela paz deve ser um ideal que nunca se perde de vista.
A tão ambicionada Paz é muito mais do que a mera ausência de guerra: é a presença de Justiça, de Igualdade, de Liberdade, de respeito pelos Direitos Humanos, é a presença de Inclusão e Sustentabilidade.
A paz existe:
1. Quando a humanidade vive em segurança e sem medo
2. Quando nenhuma forma de violência é tolerada
3. Quando todas as pessoas são iguais perante a lei, os Direitos Humanos são respeitados e confiamos nos sistemas de Justiça para (n)os proteger
4. Quando todos têm acesso equitativo às suas necessidades básicas para a Saúde e bem-estar.
5. Quando todas as pessoas têm oportunidades equitativas de trabalhar e viver, de forma digna
6. Quando todas as pessoas têm a possibilidade de participar nos processos de tomada de decisão política e nas atividades de natureza sociocultural, no exercício de uma cidadania ativa.
Desse modo, a Paz é o resultado de um esforço ativo, duradouro e sustentável de pessoas, famílias, grupos, organizações, comunidades, governos e sociedades, no sentido de reconhecerem a sua interdependência e desenvolverem formas não violentas de resolução de conflitos.
Contrariamente, a guerra é geralmente definida como um conflito violento entre Estados ou Nações, motivada por variadas questões, desde diferenças culturais até questões de recursos e poder. Atualmente, mesmo com o protagonismo da guerra entre Israel e o grupo Hamas e da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o mundo é também palco de quase três dezenas de conflitos de que são exemplo: a guerra civil no lémen, que está a dar origem a uma crise humanitária sem precedentes, a guerra civil na Síria, o conflito silencioso na República Centro-Africana, e muitos outros espalhados pelo mundo.
A Carta das Nações Unidas foi assinada em S. Francisco a 26 de junho de 1945, pelo reconhecimento e desejo de preservação dos direitos fundamentais do indivíduo no mundo pós-guerra, a fim de evitar a repetição das atrocidades ocorridas. Esta é um compromisso coletivo dos Estados-membros (atualmente 193) de trabalhar juntos para manter a paz, a segurança internacional e promover o bem-estar de toda a humanidade. Tem como objetivo principal o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais do indivíduo, a manutenção da paz e segurança internacional e a promoção do desenvolvimento social, com melhorias nas condições de vida das pessoas. A Carta entrou em vigor em 24 de outubro de 1945.
Relativamente à paz, a ONU estabelece os seguintes princípios:
1. A ONU é responsável por tomar medidas coletivas para evitar ameaças à paz e restaurar a paz quando houver conflitos armados – Manutenção da paz e segurança.
2. Os Estados-membros concordam em buscar a resolução pacífica de disputas e não recorrer à força, a menos que seja em autodefesa ou sob a autorização do Conselho de Segurança – resolução pacífica de disputas.
3. A Carta estabelece o princípio da não interferência nos assuntos internos de outros Estados, respeitando a soberania nacional. – Não ingerência nos assuntos internos dos Estados.
4. Os Estados-membros concordam em cooperar em questões de interesse comum, como a promoção do desenvolvimento económico e social, direitos humanos e a solução de problemas internacionais. – Cooperação internacional.
“NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.
E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso económico e social de todos os povos.”
A paz é essencial para o nosso crescimento pessoal, para a produtividade das organizações, para a prosperidade das sociedades e para a sustentabilidade do nosso planeta. Desse modo, a paz não é apenas responsabilidade de líderes políticos e diplomatas, mas também de cada indivíduo. Cada um de nós pode desempenhar um papel crucial para a promoção da paz no nosso redor e no mundo como um todo, começando com o respeito e a tolerância no nosso quotidiano. Ao sermos exemplos de empatia e compreensão, contribuímos para a construção de um mundo mais pacífico, seja através de pequenos gestos de bondade ou através do apoio a organizações que trabalham para a paz.
A educação para a paz é, deveras, muito importante, envolvendo ensinar aos nossos pares e gerações futuras valores de tolerância, respeito e resolução não violenta de conflitos.
Cada pequena ação conta, para um futuro onde as diferenças são celebradas e não motivo de conflito e a paz é, mais do que uma aspiração, uma realidade global!
Psicóloga/ Mestre em Psicologia da Justiça e da Desviância