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Segunda-feira, Setembro 9, 2024

Quanto vale a floresta portuguesa?

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Nuno Oliveira
Nuno Oliveira
Biólogo, Presidente da FAPAS

O Público (22/08/2011) dava conta da situação dos fogos florestais que assolaram Portugal no ano anterior (mais de 71 mil hectares ardidos em 2010, até 15 de Agosto) e citava um investigador do grupo Portucel/Soporcel que calcula o valor da “floresta” portuguesa em 7750 milhões de euros! Ora, assim sendo, a “floresta” portuguesa não vale quase nada; vale menos que a receita do IVA!

E, além disso, tem um elevado custo de protecção contra fogos: 103 milhões de euros, em 2010, segundo o Secretário de Estado da Proteção Civil (Público, 04/07/2010).

Ou seja, em 75 anos o Estado gasta, a proteger a floresta contra fogos (e com resultados pouco animadores), tanto quanto vale essa floresta; mau negócio, pelo menos para o Estado.

Esse baixo valor resulta da avaliação da “floresta” apenas pelo valor dos tradicionais produtos florestais, esquecendo todos os serviços associados à floresta: defesa dos solos contra a erosão, recarga dos aquíferos, regulação do clima, retenção de carbono, produção de oxigénio, conservação da biodiversidade, valorização da paisagem, promoção do turismo, e muitos outros.

Se na avaliação se considerarem todos estes parâmetros, então a nossa floresta vale muitíssimo mais de 7.750 milhões de euros.

Se dos 103 milhões de euros gastos por ano em combate a incêndios, 10% fossem dedicados à reconversão florestal, com instalação de folhosas, conseguiríamos reflorestar anualmente 25 mil hectares; ou seja, ao fim de 33 anos teríamos feito a reconversão de 50% da área mais sujeita a fogos florestais e ao fim de 67 anos, toda a floresta especialmente sujeita ao fogo, estaria reconvertida, praticamente, acabando o problema dos fogos.

Plano impossível? Impossível é continuar como estamos!

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