EMBRULHO AMASSADO DE PAPEL
Em pequeno estava o Pai Natal na esquina
Em frente àquela loja fina
Onde meninos pobres não podiam entrar
E eu sentado tristonho na calçada
E observava a loja lotada
De pessoas que chegavam para comprar
E o Pai Natal ali, barrigudo,
De barbas brancas e sisudo
Não dava sequer um sorriso
Mesmo assim, as crianças o cercavam
E pelas portas da loja entravam
Como se estivessem indo ao paraíso
Lembro que naquele dia uma senhora
Ao tropeçar calçada a fora
Chegando mesmo a soltar um palavrão
Deixou cair os pacotes que levava
E os brinquedos bateram na calçada
E esparramaram-se pelo chão
Assustada com aquela quase queda
Baixou-se para apanhar uma moeda
E olhou em meus olhos com tristeza
E fazendo daquele gesto uma certeza
Ofertou-me um embrulho de papel
Enrolado num cordel
Sem saber muito bem o que fazia
Agradeci à senhora que sumia
Misturando-se logo à multidão
E com o peito batendo em disparada
Disparei eu também para minha casa
Com o presente apertado ao coração
E mesmo hoje eu entendo
Que Deus lá de cima estava vendo
E mandou seu carinho lá do céu
E naquele momento tão tristonho
É que eu vi realizado o meu sonho
Em um amassado embrulho, um troféu
E quando chegam as festas de Dezembro
Ainda choro emocionado quando lembro
Do carrinho vermelho de corrida
Ergo as mãos pro céu todo contente
E sempre agradeço a Deus este presente
No Natal mais feliz da minha vida!
Poetisa