Estamos em Fevereiro de 2050, acabei de completar noventa anos!
Gostaria de deixar alguns acontecimentos que marcaram sobremaneira a humanidade.
Há três anos que os corais sucumbiram do planeta. Chuvas ácidas deram a machadada final nos recifes, assim como a pesca excessiva pelo homem. A floresta Amazónica morreu, assim como alguns mamíferos sucumbiram da face da Terra.
No outro dia, dei uma “espiada” no meu diário iniciado em 1992, obviamente que só li partes dele… Resolvi, assim, deixar aos meus bisnetos alguma informação sobre o que o bisavô assistiu nestes noventa anos de vida na Terra. Vou tentar lembrar-me cronologicamente das situações mais importantes e que marcaram mais a humanidade.
2022, enquanto a Índia é o país mais populosos do mundo, hotéis no espaço foram construídos pela Bigelow Aerospace. Dois anos mais tarde, em 2024, a SpaceEx lançou o primeiro foguete de carga para Marte.
A primeira missão tripulada para Marte saiu da Terra em 2026, mas só chegou a Marte em 2027.
Em 2028, Veneza foi invadida pelo mar…
2029 – 0 asteroide Apophis aproximou-se a 38 km da Terra, mas não embateu no Planeta.
Em 2030, a camada de gelo do Ártico desapareceu, o que formou uma onda gigante que deixou submergido grande parte do litoral de alguns continentes.
Foi nesse ano que foi criado o grão de café sem cafeína.
2033, implantes cerebrais injetáveis alteraram os neurónios no ser humano…
A Rússia, em 2035, fez as primeiras experiências do tele-transporte quântico.
2036, a empresa espacial Breakthrough Starshotenvia enviou naves espaciais para Alpha Centauri a 4,37 anos-luz.
2037 (vinte anos para chegarem a Alpha e cinco anos para informarem a terra), o Ártico ficou completamente sem gelo.
No mesmo ano, olhos biónicos venderam-se! Nunca comprei nenhuns…
Em 2040, a França cortou com os automóveis a gasolina e em 2042 o planeta atingiu o recorde de população, com nove bilhiões de pessoas.
Em 2045, a inteligência artificial superou a inteligência humana (Raymond Kurzweil), o que provocou imensos tumultos e se tornou responsável pela situação em que vivo atualmente, confinado num quarto e com os “humanóides” a mandarem em tudo, até me faz lembrar o ano remoto de 2020, o ano em que o céu ficou mais perto… na cidade de Gidá, Arábia Saudita, com o prédio mais alto do mundo, o Jeddah Tower (1 km de altura). E o ano em que a pantomina – Covid-19 atingiu o ser humano, com milhares/milhões de mortes, nos cinco continentes…
A perda dos recifes de coral, por volta de 2047, privou milhões de habitantes costeiros de uma importante fonte de alimentos e subsistência financeira e, além disso, ficaram sem a sua barreira natural de proteção das tempestades.
O desaparecimento dos corais também acarretou a existência de menos criadouros para a pesca comercial e menos areia nas praias turísticas.
As emissões de carbono (CO2) deixaram os oceanos mais ácidos, o que reduziu drasticamente o crescimento dos corais.
No ano em que atualmente vivo, o ano de 2050, as pessoas, em vez de viverem sessenta e sete anos, vivem setenta e seis anos. Conheço algumas com cento e cinquenta anos! Já não há água potável, devido às chuvas ácidas, e bebemos um líquido azul que apelidam de água… A computação baseada no silício foi substituída pelos nanotubos de carbono e, o mais incrível para os meus cansados olhos, é a impressão em 4D – em que imprimimos um objeto e, em seguida, partes dele se remodelam, o que permite uma criação nova e mais complicada. Os automóveis, só falta falarem… Além de se montarem sozinhos, conduzem-se sozinhos, sem condutor.
A saúde deu um grande passo em frente! Combate as infecções bacterianas com injecções virais que são conhecidas como bacteriófagos.
E a música?
Consegui, finalmente, levar à frente a minha ideia de Sinfonias Sociais.
Sinfonias que são criadas e tocadas para diferentes empresas que, assim, mostram a inovação dos seus produtos aos seus clientes. O meu neto é o meu braço direito, já é um compositor famoso, a minha neta, ainda deu uns excelentes concertos de piano, mas virou-se para a medicina.
No ano de 2041, organizei o Centenário do Coliseu do Porto e cumprimos a promessa… Eu organizei e o Pedro Burmester tocou com o seu mais querido aluno! Da mesma forma que, em 2001, o Pedro tocou em dueto, com a D. Helena Sá e Costa, por ocasião do cinquentenário…
Como vêem a minha saúde mental, continua boa!
Músico/Colaborador