No início de cada ano civil, no primeiro dia do calendário pelos humanos forjado, um apelo da natureza nos conduz até à natureza. As mais das vezes, sendo possível, até ao mar.
Que força é essa, amigo mar? Que força é essa que nos puxa até ti, que nos abre os olhos, os ouvidos, arrepia a pele e nos enche os pulmões de pureza e o pensamento de pulsões inexplicáveis à luz da lógica, mas plenas de indecifráveis emoções vivas, do mistério do laço que nos liga a tudo, que tudo liga, que nos devolve o sentido esquecido, adiado, abandonado. E robustece os sentidos. E os evidencia como o princípio e o fim do que somos: vida que pulsa. À flor da pele. À flor do mar. Florescendo em sapiens mentes que tão céleres são no esquecimento da sua origem. E precisam de a recuperar. A passos. A passo e passo. A espaços. À nossa volta. Dentro de nós.
Professora de Filosofia