Não vou falar de futebol técnico e tático, de confrontos entre rivais, títulos ganhos e perdidos , se é maior ou menor, “rankings”; muito menos dos indescritíveis momentos em que as acusações são o “prato forte” das emissões televisivas. Gosto pouco e não tenho vocação para isso. Vou, apenas, enaltecer uma instituição digna e respeitável que completa hoje 130 anos: o FC Porto.
A discussão sobre 1893 e 1906, nem deveria ter existido. Mas existiu e não podemos esconder a realidade. Respeitando todos os que acham que foi no século XX que o clube nasceu, tenho uma opinião diferente.
Ainda bem que houve quem tivesse a coragem de repor a data . António Nicolau de Almeida, em 28 de Setembro de 1893 fundou o FC Porto. Este facto também não pode ser escamoteado. Nem os treinos no Campo do Prado, em Matosinhos, a preparar o confronto, um mês depois com a equipa de Aveiro. Tal como, em finais de Outubro, frente ao Clube Lisbonense. Foi neste período que o FC Porto nasceu! 1893!
António Nicolau de Almeida casou com uma senhora estrangeira que considerava o futebol uma atividade física violenta; obrigou, então, o marido a deixar de jogar. Como mentor, agregador, jogador e fundador, é lógico que o clube tivesse vacilado. Suspendesse a participação em jogos. Mas estava fundado! E Monteiro da Costa, em 1906, pô-lo, de novo, em atividade.
E ainda bem. Não só para os seus jogadores e adeptos, mas também para uma cidade e uma região.
Sem qualquer desconsideração para com os outros clube da “Invicta” (tenho-lhes o máximo respeito e simpatia), foi o FC Porto que ajudou a colocar a cidade no patamar mais importante do futebol português. E internacional.
Ainda antes da “revolução Pinto da Costa/ Pedroto”, já os portistas eram os mais conhecidos e mais fortes a jogar futebol na cidade. Depois, com Jorge Nuno Pinto da Costa a presidir e José Maria Pedroto a treinar, o FC Porto “disparou” rumo a um sucesso desportivo que poucos puderam dar-se ao luxo de igualar .
Tornou-se uma marca fortíssima e um embaixador da cidade pelos vários cantos do mundo onde triunfou. E se o não venceu , deixou uma imagem de marca. O tão famigerado ADN portista. Finalmente, reconhecido.
A cidade (turismo) e as empresas nortenhas– o clube passou a ter enormes simpatias por toda a região norte – muito devem ao clube a visibilidade atual.
Quem tiver dúvidas, que pergunte aos que conhecem a história da “Revigrés”, como conseguiu atingir o patamar empresarial que ocupa; e como aconteceu a primeira exportação para a ex-União Soviética. E outras que se seguiram.
Que as rivalidades “do campo” não apaguem o valor social das instituições. Nem reescrevam a sua História.
E que as datas dos aniversários sejam celebradas quando, efetivamente, as instituições nasceram. Com certeza que qualquer um de nós, que nascesse, por exemplo, em 1960 e tendo estado três anos doente, só contasse agora 60 anos, em vez de 63. Quem me dera!
Com as instituições, passa-se, exatamente, o contrário. O justo prestígio da antiguidade. Conta quando nasceu. Pode ter parado, mas a existência ninguém pode negar. Bem ou mal, o tempo passa para todos, sejam quais forem as condições.
Parabéns FC Porto pelos teus 130 anos!
Jornalista