É em Leipzig, na Alemanha, num dos estádios mais emblemáticos da antiga RDA, hoje designado Red Bull Arena, que Portugal defronta a Chéquia na jornada de estreia no Euro 2024. O jogo tem o início marcado para as 20:00 em Portugal.
Apesar da discussão no momento em que o selecionador anunciou os 26 jogadores convocados, com o clubismo, muito comum entre nós, a “apimentar” os comentários, a verdade é que Martinez leva um conjunto de grande qualidade. Isso é inegável. Mas também não deixa de ser factual que há jogadores talentosos a ficar de fora; e que são de qualidade semelhante aos que foram. E isto coloca o problema – será? – da abundância de talento.
E excesso de jogadores de qualidade, tendo alguns de ficar porque só podiam ir 26 para a Alemanha, vai, também demonstrar a capacidade de liderança do selecionador. Gerir egos é mais difícil do que treinar. Basta recordar Saltillo, por exemplo.
Atualmente, quer o competente “staff” federativo quer o rigoroso profissionalismo dos jogadores, dificilmente levaria a tão vergonhosas atitudes como as que ocorreram nesse “Mundial 86”, disputado no México.

Confiança
Os adeptos portugueses mostram-se confiantes. Conhecem a qualidade dos jogadores e acreditam. Alguns dos que fomos ouvindo, falam-nos do “Magiços” e do Mundial de 1966, onde Eusébio foi o “rei”. E dos “Patrícios”, da “Geração de Ouro”. E, claro, do Euro 2016, sem nunca esquecerem aquele momento mágico de Ederzito. Inesquecível!
Cristano Ronaldo continua a ser a “imagem de marca” do conjunto português. Não há adepto que omita o nome de CR7. Extrema confiança no “capitão”. ” Vai ser ainda um dos melhores neste “Europeu”, está em grande forma”, afirmou um adepto em Leipzig, vestido a rigor com as cores portuguesas.
Cristiano é considerado essencial para o triunfo desta equipa, por quase todos. Mas há também outros jogadores que agradam, e muito, ao portugueses na Alemanha. Diogo Costa, Bruno Fernandes, Vitinha, Bernardo Silva e Rafael Leão, são os mais citados pelos adeptos.
A verdade é que estão lá 26 e de grande qualidade. Mas futebol não é matemática e muito menos favoritismo teórico.

Martinez: “Paixão e Sonho”
Para o selecionador nacional, Roberto Martinez, Portugal é sempre favorito a vencer. Na conferência de imprensa, apesar de cauteloso na antevisão ao primeiro encontro, a confiança foi notória.
“Agora começamos o período competitivo, com três jogos. A competitividade do balneário é agora mais forte do que no apuramento, porque há jogadores novos, com nível muito bom. Temos de trabalhar bem. O talento é um facto, mas precisamos de demonstrar valências sem bola e psicológicas para podermos defrontar adversidades durante o jogo. Faz parte de ser uma equipa. Estamos preparados, mas ainda não temos o nível máximo. Só pode chegar depois dos 3 jogos.”
Sobre a importância que pode ter Cristiano Ronaldo, disputa o seu sexto “europeu”, o selecionador é pragmático.
“É muito importante. A minha experiência em torneios europeus e mundiais é a mistura de experiência e talento novo no balneário. Temos isso muito bem representado. O Cristiano e o Pepe têm experiência sem igual noutro balneário. São os dois mais velhos do torneio. E depois temos o João Neves, o Francisco Conceição, que está a demonstrar influência durante os jogos. A mistura é necessária para estar tudo ligado com o mesmo foco e compromisso. Isso é essencial para nós.”
E sobre o futebol da Chéquia…
“Acho que o estilo da Chéquia é muito claro. Defrontei a Chéquia três vezes e a estrutura pode mudar. Linha de quatro, de cinco… Mas a ideia gosto muito. É de arriscar, ter pressão alta, com jogadores a quererem marcar golos. O Soucek está a fazer épocas consistentes, o Schick é campeão alemão… Há jogadores com ideias claras. A formação individual marca o estilo. Concordo com o treinador. A Chéquia joga para ganhar, de uma forma que gosta de tomar riscos e será fantástico para o adepto neutro.”
Curiosa a resposta de Roberto Martinez sobre um hipotético nome desta geração de jogadores e da sua missão neste torneio
“Recebi muitas palavras e ideias, a melhor é que a nossa equipa mostra ‘Paixão’. Mostra no treino, a vestir a camisola, a representar o país. Apaixonados é a palavra que melhor descreve o grupo.”
E acrescenta
“Precisamos de acreditar, é importante. Sem sonhar, é difícil. Mas temos a responsabilidade de jogar bem. O jogo de amanhã é o momento perfeito de mostrar que estamos prontos, jogar com as expectativas que há. Depois dos três primeiros jogos podemos avaliar se merecemos ficar para mais. Tenho 7 camisas, não trouxe só 3. Mas temos de mostrar nível nos três jogos.”
E está tudo a postos. Martinez tem os 26 jogadores à disposição para o pontapé de saída às 20:00. O árbitro é o italiano Marco Guida.

Jornalista