Foi o Primeiro de janeiro…
Foi o Comércio do Porto…
Foi o Século….
Foi A Capital…
Foi o Diário Popular…
Foi o Diário de Lisboa…
Foi o Tempo…
Foi o Semanário…
Foi o Jornal…
Estou a citar os mais antigos de que me recordo. Se calhar foram mais. Não estou a considerar os de vida fugaz que nasceram nos anos 80 e já com uma agenda preparada.
O Jornal de Notícias pode ser o senhor que se segue nesta voragem. Há 30 anos que os jornalistas deste matutino portuense (cada vez mais longe do Porto…) não faziam uma greve. Há não muito tempo, foram os da TSF.
Na minha geração, que iniciou a carreira profissional no início de 1980, os Mestres das redações – quão grato lhes estou – os Chefes, como lhes chamávamos, diziam que o jornalista só é notícia nos jornais…quando morre. E nem sempre!
Quando o jornalista é a notícia, algo vai mal. E vai. E muito mal.
Apesar de ter-me tornado profissional (com Carteira Profissional, quero dizer), só a partir dos anos 80, a minha aproximação aos jornais e rádios, começou alguns anos antes. E vi, com desespero, o jornalismo a ser destruído, como se fosse uma folha de papel (um linguado) a ser amassado nas mãos dos poderes económicos.
É sempre muito fácil apontar culpas aos outros. Não podemos esquecer que nós, jornalistas, também fomos cúmplices ( e muitos continuam a ser) destes grupos financeiros ( alguns de origem duvidosa).
“Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!”. Vinda da “Trova do Vento que Passa”, muito longe de ser um chavão, funcionava no jornalismo e na vida. Depois, foi esmorecendo. Até que morreu. Hoje quem “levante a cabeça”, é apelidado de comunista, venezuelano, estalinista, gonçalvista, fascista, extremista, tudo, sei lá, tantas são as imbecilidades libertadas, nomeadamente por quem não nos conhece. Nas redes sociais, principalmente.
A tragédia que está a cair sobre os órgãos de comunicação social e, por consequência, na carreira jornalística, previa-se.
Um país pobre, como o nosso, não pode dar-se ao luxo de alimentar em demasia o liberalismo económico.
Foi depois de essa forma de governar o país, com um certo PS, um certo PSD e respetivos amigos que a confusão começou a invadir a vida dos jornalistas.
Uma das missões de “Abril” foi acabar com os monopólios. A diversidade de emprego e de empreendedorismo ficava ao alcance de todos, E assim deveria ter continuado.
Porém, logo que puderam, os grandes grupos económicos, dois ou três, nacionais e internacionais, ficaram de porta aberta para “abarbatarem” tudo o que era independente, associando-os nos seus grupos empresariais.
Parecia bom. Parecia! Mas não foi.
Iniciou-se a manipulação de jornais, das rádios, das televisões e das agências.
A liberdade começou a agonizar. E quando esta está doente, mais cedo ou mais tarde os jornalistas vão notar. E, a seguir, a espada cai-lhes sobre a cabeça.
Jornalismo precisa de liberdade, independência, responsabilidade. Jornalismo rima com liberalismo, mas é apenas coincidência.
Os jornalistas foram sempre mal pagos. Não são compatíveis em administrações que visam unicamente o lucro. Dar notícias não é o mesmo que vender pizas (com todo o respeito por quem o faz!). E quando passa a ser, o país em causa tem uma democracia pouco saudável. Que urge curar.
Cito Ryszard Kapuscinski, conhecido jornalista polaco, autor do livro “Esta Profissão não é para Cínicos”. Numa palestra no Estados Unidos, para finalistas do curso de jornalismo, avisou “Se vocês querem ser ricos, não vão para jornalismo; têm muitas profissões em que o podem ser, mas não no jornalismo”
Mas o “estrelato televisivo”, a ganância que a sociedade produz e as promessas (falsas) dos monopolistas, deram cabo do jornalismo. Tramaram os jornalistas e, pouco a pouco, têm destruídos títulos de referência.
O JN está em maus lençóis…
A Lusa que fique atenta…
Os destruidores de jornais andam por aí de dente afiado.Ninguém lhes trava o passo. Antes pelo contrário, o ultraliberalismo está mais forte do que nunca.
Aos camaradas do JN, a minha solidariedade
Não tenham medo de resistir…
Força!…
Jornalista