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Quinta-feira, Novembro 7, 2024

Onofre Varela expõe 60 anos de carreira artística e apresenta livro.

O Ateneu Comercial do Porto vai acolher a exposição "60 Anos de Carreira" do cartunista Onofre Varela. As seis décadas são contadas a partir de Dezembro de 1964, altura em que expôs desenho e pintura pela primeira vez. Tinha 20 anos, ia ingressar no Exército dois meses depois, havia uma Guerra Colonial em curso (para a qual seria [e foi] enviado) e quis mostrar que "passou por cá"... não fosse o diabo tecê-las. A inauguração será a 12 de junho a partir das 18:00.

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Iniciou a sua actividade nos jornais pela porta de O Primeiro de Janeiro em 1969, colaborou com todos os jornais sediados no Porto, com alguns semanários e a RTP, terminando a carreira por conta de outrem no ano 2000, quando o Jornal de Notícias o convidou para a situação de “reformado antecipadamente”.

A mostra contempla 40 trabalhos de várias épocas, traços e estilos, desde o óleo sobre tela ao desenho à pena, passando pelo retrato e pelo cartune (modalidade em que é mais conhecido) e será inaugurada às 18 horas do dia 12 de Junho no Ateneu Comercial do Porto.

No decorrer da exposição (29 de Junho, pelas 16 horas) no mesmo espaço vai ser apresentado o seu livro O Homem Criou Deus, em segunda edição revista e aumentada, editado pela Seda Publicações.

A exposição pode ser visitada das 10 às 20 horas de Segunda a Sábado. Encerra aos Domingos.

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Um dos míticos “bonecos” do autor




Sobre Onofre Varela

Onofre Varela nasceu no Porto em 1944 e iniciou-se no mundo do trabalho aos 13 anos como aprendiz de tipógrafo. Quatro anos depois era aprendiz de desenhador litográfico, quando a litografia era mesmo Lito… grafia (desenho sobre pedra calcária) e estudava Pintura na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, em aulas nocturnas com o estatuto de trabalhador-estudante (foi “atropelado” pela Matemática não passando do terceiro ano!)

Aos 20 anos, ao serviço do Exército, foi enviado para a Guerra Colonial na frente norte de Angola (Dembos e Zaire, de Dezembro de 1965 a Fevereiro de 1968).

Ofereceu colaboração à revista semanal Notícia, publicada em Luanda e em Lisboa, para a qual fez Banda Desenhada (BD) inserida no suplemento infantil Pica-Pau. Criava a história, os personagens e desenhava sobre uma prancheta colocada nos joelhos sentado na cama da caserna. De Março de 1966 até meados de 1968 publicou cinco histórias: Delfim dos Bosques (uma sátira a Robin dos Bosques); Os Pés Descalços (aventura com índios e cowboys); O Fantasma da Meia-noite e Vinte (aventuras de um fantasma num castelo medieval); Tadeu & Côco (um pirata com o seu papagaio numa história de espionagem) e Golias o Trovador (com acção na Roma antiga).

Regressado da guerra foi criativo gráfico em litografias e agências de publicidade. Iniciou colaboração eventual com o jornal O Primeiro de Janeiro em 1969, passando ao quadro em 1978. Em 1970 deslocou-se a Paris e a Bruxelas com uma lista de editores de BD fornecida por Vasco Granja. Avistou-se com o argumentista Claude Moliterni em Paris e com os chefes de redacção das três principais revistas de BD franco-belgas: Tintin, Spirou e Pilote, em Bruxelas. No regresso da sua infrutífera viagem trocou correspondência com Hergé.

Publicou BD e/ou ilustração, caricatura e cartune nos jornais: O Primeiro de Janeiro, Notícias da Tarde, O Jogo, Jornal de Notícias, O Comércio do Porto, O Olho, A Pantera, O Chato, Domingo Liberal, O Progresso de Gondomar, Gazeta de Paços de Ferreira, Soberania do Povo, O Trevim, Correio Alentejo, O Gaiense, Jornal Grande Porto (depois transformado em revista mensal), semanário Alto Minho e nas revistas Flama e Crónica Feminina (na década de 1960), Encontro (suplemento de fim-de-semana do jornal O Comércio do Porto), Campismo e Caravanismo, Interviú (edição espanhola, no suplemento satírico A Las Barricadas), Mundo de Aventuras e O Tripeiro. Desenhou em directo na RTP (Canal 1) no programa da manhã Às Dez (1986-1988), e na RTV Regiões (2013).

No campo da ilustração, caricatura e criação de logotipos, recebeu vários prémios e menções honrosas em Portugal, Espanha e EUA (ONU). Em 1998 recebeu o título de “Profesor Honorífico del Humor” concedido pelo reitor da Universidade de Alcalá de Henares, Madrid; em 2001 recebeu o Troféu Carreira, da Caricaturartes, Seixal; em 2012 foi galardoado no Amadora Cartoon, e em 2014 foi homenageado na IV Bienal de Humor Luís d’Oliveira Guimarães, em Penela.

No campo cultural (a nível regional), em 2003 a Junta de Freguesia de Rio Tinto atribuiu-lhe a Placa de Mérito Cultura e Artes pelos relevantes serviços prestados à cidade de Rio Tinto; em 2016 recebeu a Placa de Reconhecimento do Clube Gondomarense; e em 2017 recebeu a Medalha de Mérito da Cidade de Rio Tinto, pelas Juntas de Freguesia de Rio Tinto e de Baguim do Monte.

Saiu do Jornal de Notícias para a situação de “reformado antecipadamente” em Agosto de 2000, e fez uma formação de “Ilustrador da Natureza” no Parque Biológico de Avintes.

Abraçou o Teatro de Revista como actor, na Companhia do Teatro Sá da Bandeira com interpretações em três Revistas: 2001 – Odisseia do Carago; Quem Não Chora Não Mama e Vira o Disco e Toca a Mesma (2000-2003). Recebeu formação de actor no TEP (Teatro Experimental do Porto) e desempenhou papéis nas comédias Aqui Há Fantasmas e Vai Chamar Pai a Outro, na Companhia de Teatro Fundo de Cena (Matosinhos) e O Vizinho Toca Sempre Duas Vezes no Cale Estúdio Teatro (V. N. Gaia).

Como comediante assumiu a representação a solo adaptando o seu livro Cimbalino Curto a espectáculo de Stand up Comedy com teor social, tendo-o representado por todo o país, incluindo Açores (Velas, S. Jorge) em 2004.

À entrada dos 80 anos dedica-se à escrita e à actividade de palco com o seu grupo Quadrilha Jograis e de subdiretor do jornal “O Cidadão”.

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