O uso de telemóveis nas escolas tem gerado um debate constante sobre a conveniência de permitir ou proibir a sua presença no ambiente educacional. No epicentro dessa discussão encontra-se a questão crítica do uso de telemóveis dentro e fora da sala de aula, uma questão que tem dividido opiniões e gerado complexas considerações.
Na minha opinião, há que separar as águas e analisar os prós e contras do uso do telemóvel dentro e fora da sala de aula.
Benefícios do uso dentro da sala de aula:
Acesso à Informação Ampliado – Os telemóveis proporcionam aos alunos um acesso rápido a várias fontes de informações e recursos educacionais online. Este acesso instantâneo pode enriquecer o processo de aprendizagem, permitindo a pesquisa e aquisição de conhecimento em tempo real. No entanto, nem todas as fontes são fidedignas. Este recurso nunca deve sobrepor-se ao professor, a pesquisa deve ser feita em conjunto.
Perigos do uso dentro da sala de aula:
Distração – A presença de telemóveis pode representar uma distração contínua para os alunos, envolvendo-os em atividades não relacionadas com os estudos, como as redes sociais, os jogos ou mensagens, prejudicando a concentração na sala de aula.
Problemas de Comportamento Emergentes – O uso inadequado dos telemóveis pode dar origem a problemas comportamentais, como “cyberbullying”, compartilhamento de imagens inapropriadas e uso impróprio das redes sociais e de outras aplicações durante as aulas.
Quanto ao uso fora da sala de aula, há que ter em conta o equilíbrio dos prós e contras:
Preparação para a vida moderna – O uso responsável de telemóveis na escola pode ajudar os alunos a desenvolver habilidades essenciais para o mundo moderno, como a gestão do tempo e a responsabilidade digital.
Desigualdades Sociais – No entanto, é importante reconhecer que nem todos os alunos têm acesso a telemóveis de alta qualidade ou a conexões à Internet confiáveis. Isso pode criar uma divisão digital entre os estudantes e acentuar as desigualdades sociais e educacionais.
Impacto na saúde mental – Além disso, o uso excessivo de telemóveis fora da sala de aula pode ter consequências negativas na saúde mental dos estudantes, fomentando o isolamento social, a ansiedade e a depressão.
Em última análise, a decisão de proibir ou permitir o uso de telemóveis nas escolas não se resume a uma resposta única e definitiva. Cada instituição de ensino deve ponderar cuidadosamente o contexto e as necessidades dos seus alunos, implementando políticas claras que promovam o uso responsável da tecnologia.
A educação digital também desempenha um papel crucial na formação dos alunos e cidadania, incentivando-os a utilizar os telemóveis de forma consciente e benéfica. É essencial alertar os jovens para os riscos inerentes ao uso descontrolado desses dispositivos.
A UNESCO defende a limitação de telemóveis nas escolas, a fim de proteger as crianças de episódios de bullying e impedir perturbações nas salas de aula. A Ideia é debatida em Portugal, mas o Ministério não tem diretrizes.
Portanto, na minha opinião, a resposta está em encontrar um equilíbrio saudável que promova a aprendizagem, a cidadania ativa e que alerte os jovens sobre os impactos positivos e negativos do uso do telemóvel, tanto dentro quanto fora da escola.
Escritora e Professora