“O ataque de hoje ao PSD é um ataque à liberdade na campanha eleitoral e, portanto, à democracia. Se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores desta causa”. Palavras de Mariana Mortágua, líder do BE, publicadas na rede social X, a 28 de fevereiro (na passada semana), após o ataque com tinta verde a Luís Montenegro, na Bolsa de Turismo de Lisboa.
Num primeiro momento, a ação promovida contra o rosto da AD foi atribuída à “Climaximo” – e que, recorde-se, já antes tinha sido responsabilizada pelo ataque ao Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro (em finais de setembro, numa conferência promovida pela CNN Portugal) e à fachada do MAAT (iniciativa contra a EDP), em Lisboa. No entanto, o protesto acabou por ser reivindicado pelo movimento ativista “Fim ao Fóssil”.
Na manhã dessa mesma quarta-feira, 28 de fevereiro, O CIDADÃO contactou os órgãos oficiais do partido para uma tomada de posição (e, em concreto, para que fossem facultadas as respostas a duas questões muito específicas). Fomos atendidos por Hugo Evangelista, a partir da sede do BE, esclareceu que apenas estava a fazer “atendimento a nível nacional”. Mesmo após termos solicitado o contacto dos assessores de imprensa do partido, o bloquista pediu para desligar e que, mais tarde, encetaria novo contacto. Mesmo sem que as tais questões específicas tivessem sido mencionadas.
MAIS TARDE, EM MOSCAVIDE, LOGO SE VÊ
Nessa altura, Hugo Evangelista (e fazendo fé ao que tinha sido veiculado por alguns órgãos de comunicação social, nos primeiros instantes após o incidente), atribuiu a ação contra Luís Montenegro à “Climaximo”. Limitou-se a acrescentar que, nesse mesmo dia, Mariana Mortágua iria reagir “na próxima ação de campanha [agendada para essa mesma 4.ª feira], pelas 17h30, em Moscavide”. Tratava-se de uma arruada. Onde, aliás, Mortágua disse o que disse: “o ataque de hoje ao PSD é um ataque à liberdade na campanha eleitoral e, portanto, à democracia. Se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores desta causa”.
Após insistência sobre se estaria informado sobre a verdadeira autoria do movimento que atacou o líder da AD, o nosso interlocutor atalhou: “não tenho mais nada a acrescentar. Desconheço”. Seguiu-se longa pausa. Excetuando o que nos foi perguntado após isso (nome profissional, órgão para o qual o jornalista estava em funções], não houve mais troca de impressões. Nem sequer nos foi dada a conhecer a idade do “biólogo de formação e ativista dos animais” e que, a partir da sede do BE, nos barrou o contacto com a assessoria do BE.
OS ASSESSORES (NÃO) TRATAM DO ASSUNTO
Passou praticamente uma semana. Hoje mesmo, terça-feira, 5 de março (e após um outro interlocutor ter cedido o contacto direto dos dois assessores do BE – João Curvêlo e Catarina Oliveira), voltámos a insistir. O segundo contacto, aliás, só foi partilhado depois de termos vincado que o telemóvel, do outro lado, acusava sinal de ocupado. Findas as (demasiadas) tentativas para chegarmos à fala com a assessoria do BE, ficam duas questões simples (e atualizadas à data de hoje) por responder:
1) Após o repúdio da Dr.ª Mariana Mortágua aos autores do ataque ao líder da AD, na passada semana (que qualificou de “ataque à democracia”, apelidando-os de “piores defensores desta causa”), que razões levam a que o BE tenha dada destaque ao movimento “Fim ao Fóssil” no site esquerda.net (e, pelo menos, 8 notícias publicadas desde novembro de 2022)?
2) O mesmo princípio (isto é, equidade em termos de publicações) é aplicado a outros movimentos? Em caso afirmativo, quais? Em termos práticos: quantos destaques foram dados, por exemplo, à “Climaximo” (e se não foram dados, quais as razões)?
De salientar que as declarações de Hugo Evangelista foram recolhidas com conhecimento expresso do próprio. Apesar de todos os esforços, O CIDADÃO tentou, por todas as vias, obter respostas em tempo útil e através dos canais que nos foram sendo comunicados ao longo de praticamente uma semana. Mesmo tratando-se de questões simples e bastante específicas, em nenhum momento nos foi dada a possibilidade de as colocar a quem de direito. Nem sequer houve tentativas de retribuir as chamadas efetuadas e perdidas.
Jornalista