“Ouvide”! “Ouvide”! Sim, sou eu – o Louco!
Alerto-vos com a minha voz rouca, de tanto gritar, para vos abanar essas vossas mentes estagnadas por uma cegueira de olhos que vêem sem enxergar.
Levantem essas cabeças ocas e vejam o céu de um azul luminoso, que já lá não está. Não conseguem visualizar a bruma que o esconde.
Mendigo eu para que se levantem e usem a união para o mundo salvar. Mas vós, continuais acomodados sem sentir o engano dos que seguram a peneira, como raposas sabidas, e vos tapam o sol.
Vós que só acreditais no que querem acreditar. Vós que só ”ouvides” as vozes do que querem ouvir. Vós que flutuais descontraidamente em barcos sem remos, por preguiça de remar.
Eu, sou o Louco, que vislumbra o antes, o agora e o depois. Eu não me deixo enganar.
Como não “vedes” como eu? Está tudo escancarado perante vós. Vejam, arregacem as mangas, lutem, porque são os vossos direitos que vos estão desde há muito a serem tirados e só os deveres é que vos são lembrados.
E por aí passeiam-se as raposas interesseiras com um sorriso, lambendo os lábios, de olhos brilhantes, de quem caçou, caça e prepara-se para novamente caçar. Estas ilustres vaidosas, com sacos pesados de luxúria pendurados nos pescoços, a cumprimentarem com toda a cortesia as próximas vítimas que as vão alimentar e deliciar.
E todos vós a sentirem-se honrados, que nem tolinhos, por terem tido tal atenção. Como é fácil ser uma presa. O ego tolda-vos…
Poetisa