A situação da economia portuguesa carece de ser diagnosticada, no entanto algumas evidências mostram que o balanço da globalização, apresenta-se desfavorável:
A globalização favorece países que apresentam um maior dinamismo económico e maior dotação dos fatores produtivos e que melhor partido tiram das tecnologias da informação, Portugal com baixo investimento em I&D e com uma estrutura empresarial que procura a internacionalização mais pela comercialização do que pela produção o que nos está a empurrar para mercados de concorrência onde se encontram os países de leste, Norte de África, Ásia e América Latina;
A economia portuguesa tendo em conta a estrutura de qualificações da sua população ativa é particularmente vulnerável pelas pressões negativas exercidas pela globalização no emprego e nos salários dos recursos humanos pouco qualificados;
Finalmente em comparação com os restantes Estados-Membros, Portugal apresenta baixos índices de educação escolar e existe alguma preocupação da adequabilidade e qualidade do ensino ao mercado de trabalho, entretanto Portugal terá que lidar no processo de integração global com estas desvantagens comparativas, restando-lhe a possibilidade de adoção de políticas realistas.
Políticas que passarão pelo direcionamento das atividades de ensino e de investigação, para a realidade local no que se refere ao tecido produtivo, recursos naturais e infraestruturas.
A cooperação entre a universidade e a economia local e o desenvolvimento da capacidade empresarial e do fomento da cooperação inter-regiões, a nível nacional e internacional surge como elemento fulcral duma política de desenvolvimento.
O conceito de desenvolvimento local começou a ganhar relevância no debate sobre os modelos de desenvolvimento particularmente após o reconhecimento do fenómeno da globalização, resultado dos avanços da revolução científica e tecnológica e do desenvolvimento das tecnologias de informação numa velocidade nunca antes experimentada.
Nesta era globalizada, constatámos profundas mudanças nos padrões de produção, com a flexibilização das estruturas produtivas, a mobilidade das plantas industriais e a crise do modelo Fordista, grandes mudanças nos mercados financeiros que se tornaram efetivamente globais, mudanças significativas no mercado de consumo com o surgimento de “produtos globais” promovendo uma certa padronização e universalização dos hábitos de consumo, observamos ainda mudanças culturais decorrentes da possibilidade de troca de informação e conhecimento a uma velocidade e escala jamais experimentada na história da humanidade.
Porém, ao mesmo tempo que a globalização se expande provoca resistências e reações traduzidas na afirmação do local como forma de responder à exclusão e como tentativa de integração não subordinada á economia global.
O desenvolvimento local do reconhecimento e valorização dos ativos locais, de aproveitar e desenvolver as potencialidades, as vocações, as oportunidades e as vantagens comparativas e competitivas de cada território, pretende ser inclusivo e sustentável na perspetiva de se afirmar como alternativa aos modelos dominantes que se revelaram concentradores de riqueza e destruidores do meio ambiente.
O desenvolvimento exige parceria entre o Estado, mercado e sociedade, estado referido como um conjunto de instituições governamentais, mas que não substitui o mercado e a sociedade na promoção do desenvolvimento. O mercado referido como um conjunto das instituições económicas, sobretudo as empresas, mas também não é capaz de prescindir da ação reguladora do Estado, o mercado sem regulação e controle social não tem sido capaz de realizar um modelo de desenvolvimento sustentável. A sociedade referida como um conjunto de instituições de organização e representação social e que tem um papel de realizar o controlo público quer do estado quer do mercado no sentido de defesa da qualidade de vida para todos.
Não haverá desenvolvimento local sem a construção de parcerias entre governos, empresas e organizações de representação social.
O desenvolvimento é produzido por pessoas, resulta das relações humanas, da vontade e das escolhas que fazem na busca de melhores condições de vida, depende da adesão das pessoas e da decisão de assumirem a condição de protagonistas sociais e não há desenvolvimento local sem protagonismo local.
Licenciado em Gestão /Especialista em Direito do Trabalho/ Pós-graduação em Políticas Comunitárias e Cooperação Territorial