Esta história passou-se no longínquo Sábado de nove de Janeiro de dois mil e dezasseis…
O António, que para alguns amigos mais chegados é simplesmente Ferro, resolveu nesse estado de graça, finalmente, e por um breve espaço temporal, o estado de solteiro! Ao fim de trinta anos de casa “descasa”…
Numa dessas noites em que o sono está zangado connosco e não nos visita, peguei num livro que há muito me apetecia ler…
”O Homem que mordeu o cão” do Nuno Markl.
Só que a história não acaba aqui…
Falta a parte inusitada e surpreendente do cão que mordeu a pila ao Ferro…
Nesse ano, fui pela primeira vez na vida passar o Natal ao Fundão, terra do meu avô e do meu pai. Fiquei alojado em casa da mãe do presidente da câmara que, curiosamente, nunca me convidou nem para atuar, nem para realizar qualquer festival e já vão sessenta e quatro nas costas, realizados por todo o Portugal…
Há que respeitar opiniões e gestos. Ou esperar pelo próximo presidente da câmara…
Voltemos ao Natal e ao Fundão!
Como tenho por lá muita “primalhada”, foi necessário criar uma lista de visitas.
Fiz uma visita a uma das primas que melhor está na vida e que vive numa fantástica quinta. Como não estava em casa, dei uma volta pelos anexos a tentar fazer ouvir a minha voz. Cheguei a uma daquelas casas baixinhas, com fitas em vez de porta, e sem saber ler nem escrever, saiu de lá um cão enorme (S. Bernardo) que me abocanha o pirilau! Foi preciso dar um valente murro naquela cabeçorra, para os seus dentes largarem a minha salsicha…
A minha sorte foi estar por perto o pai do presidente da câmara que prontamente me levou ao hospital da Covilhã. Ao chegar ao destino e ao apresentar o meu problema, entrei de pronto! Fui recebido por um médico com pronúncia “russa”, ainda não sei distinguir dos croatas para os sérvios…
– Se fosse um pouco mais ao lado já não o levantavas…
(olha que FdP puseram nas urgências)
A minha sorte foi não ter mesmo sido um pouco ao lado e continuo a levantá-lo, pelo menos duas vezes por dia (já não é mau…).
Aos cinco anos fui mordido por um cão no rabo e agora na pila!!!
Ferro num lado do passeio e cães do outro…
E como uma história por vezes não termina logo… estava eu, há umas semanas, na estação da Casa da Música (Porto), sentei-me ao lado de uma jovem com um lindo cão aos pés e, para ultrapassar o meu “trauma”, fiz-lhe uma festinha… Passado pouco tempo, levantou-se e rapidamente desapareceu, até começar a ouvir uns fortes gemidos. Tinha acabado de assassinar um pequeno cão de companhia, daqueles com casaco de malha e orelhas espetadas. A senhora chorava por todo o lado e, embora eu insistisse com os seguranças (ainda não entendi bem, o que eles fazem na verdade…), ninguém mexeu uma palha…
Eu ainda sugeri que tapassem o bicho ensanguentado, nem que fosse pelas crianças…
O assassino era um pitbull, sem coleira nem açaime… vejam só, no interior de uma estação de metro!…
Já entendem porque agora, quando vejo um cão, não mudo de passeio, mudo antes de rua!
Músico/Colaborador